Capítulo 61

Estava no hospital, na emergência. Aquele dia estava tranquilo demais, quase não chegava crianças doentes ali. O hospital em geral estava bem calmo.

Fui para recepção conversar com alguns médicos, que também estavam ali, sem nada para fazer.

Alguns contavam piadas, nos fazendo rir, eram todos bem engraçados. A maioria da minha idade.

- Está tudo bem, Isa? – Daniel, um médico novato, disse.

Ele era muito gentil.

- Não...Só estou meio tonta! – Eu sorri fraco, mas ele não pareceu acreditar.

- Tem certeza? – A tontura forte, veio de novo e eu nem consegui falar.

- Vamos lá pra dentro...

- Não precisa!

- Você está em um hospital, dona Isabella! – Ri fraco.

- Precisa de uma enfermeira, doutor Daniel? – A recepcionista, disse.

- Por favor! – Ele segurou no meu braço com delicadeza e me levou até sua sala.

Me deu uma ânsia enorme, antes mesmo de me sentar na cadeira e corri pro banheiro. – Você não está bem mesmo. Já vem sentindo isso a muito tempo? – Ele me olhou, depois que voltei.

- Não...Hoje é a primeira vez. Daniel, você é obstetra. – Ri.

- E eu estou achando que é disso mesmo que você precisa.

- O que ? – Arregalei os olhos e ele que riu.

- Acho que você está esperando um bebezinho, Belinha. – Ele me chamava daquele jeito, as vezes, por saber que eu odiava.

- Grávida? – Parei pra pensar.

- Eu não costumo errar, em. – Ele se levantou, para falar algo com a enfermeira.

Ele era um ótimo médico, realmente, o melhor obstetra do hospital, apesar de ser recém- formado. – Vamos fazer um exame. – Ele estendeu sua mão, para que eu a pegasse.

- Não...Não precisa de exame! Tenho que trabalhar! – Peguei em sua mão e me levantei.

- Já mandei avisar o diretor do hospital, que você não está bem e ele mesmo mandou lhe fazer os exames necessários.

- Daniel! – Choraminguei, enquanto ele me arrastava em direção a maca.

Olhei para o monitor na minha frente e já sabia o que faria, claro.

- Ultrassom?

- Isso mesmo!

- Não acredito! – Coloquei as mãos no rosto.

- Mas já pode a começar a acreditar! – Ele ligou o aparelho e meu sangue parou.

Fechei meus olhos, com medo de olhar para tela e ele riu. – Como eu imaginava!

- Não me diz que... – Abri os olhos e ali estava a resposta do que eu queria.

Uma pequena mancha no meu útero.

- Parabéns, mamãe!

- Obrigada! – Suspirei e me levantei.  – Quanto tempo?

- Quatro semanas.

- Isso tudo?

- Pra você ver!

- Não esperava um filho agora...

- Imaginei pela sua cara.

- (risos) É sério! Acho que vou pedir pra ir embora agora.

- Já até te substituíram, pode ir!

- Falar com o pai da criança, né! – Ri, enquanto caminhávamos pelo corredor.

- Boa sorte! – Bati em seu braço, enquanto ele ria.

Cheguei em casa e dei de cara com Luan, sentado no sofá, conversando alguma bobagem com Helen.

- Olha só quem chegou mais cedo... – Sorri e me sentei em seu colo. – Tudo bem, meu amor?

- Tudo ótimo!

- To bem também, Isabella e você? – Ri da minha amiga.

- Estou bem, Helen! Tenho que contar uma coisa pra vocês.

- O que é?

- Eu tô grávida! – Fui direta, não gostava muito de "rodeios" mesmo. 

Os olhei e eles permaneciam em silêncio.

- Isso é sério, amor?

- É, Luan! Sei que não era pra ser, mas aconteceu. Passei mal no hospital e fiz o exame, por isso vim mais cedo.

- Um bebê aqui? Meu Deus, que ótimo! – Minha amiga sorriu, animada. Ri fraco. – Eu amo bebês!

- Percebi! – Disse. – Tá tudo bem, amor? – Perguntei com receio.

- É complicado...Mas está! – Ele sorriu. – Sei que vai ser ótimo um filho com você e eu também adoro bebês, Helen! – Ele riu.

- Sério? – O olhei ainda com receio.

- Sério, meu amor! – Ele sorriu e puxou meu rosto para um beijo.

Ouvi os passos da minha amiga, saindo de fininho.

- Eu não estou acreditando até agora! – Disse, assim que encerramos o beijo. – Vamos ter que fazer tanta coisa agora...Contar pra todo mundo!

- Calma, amor! Tudo no seu tempo, vai dar tudo certo!

- Obrigada por ter me entendido...

- Tá doida? Você não fez nada sozinha. – Sorri.

- Eu sei disso...

- E como sabe, não é ? – Gargalhei.

Naquele dia, pedimos uma pizza e comemos até de madrugada, fiz brigadeiro também.

Fizemos amor naquela noite e eu confesso, que estava com receio de que não seria como antes. 

Realmente, não foi como antes. Foi melhor.