Capítulo 50

- Luan? – Para minha infelicidade, eles me conheceram.

Claro, já deveriam ter me visto em tv e Internet, só não deixavam Isabella ver.

Entraram, sem ao menos eu sair da porta, só tive forças para fechá-la.

Ouvi passos e fechei os olhos com força, só os abrir quando escutei sua voz.

- Luan, quem... – Isabella paralisou, assim como eu estava.

Depois de vários segundos em completo silêncio, meu tio começou.

- Que cena linda , que presenciamos ! – Ele ria irônico. – Vocês não tem um pingo de vergonha na cara?

- Pai...

- Não me chama de pai, Isabella. – Vi os olhos da minha menina se enxerem de lágrimas e fui para perto dela.

Peguei em sua mão, lhe passando segurança.

- Vocês não podem ficar juntos, será que não percebem ? – Agora, tia Lílian que falava, calma, porém, dura também.

- Nós nos amamos, vocês tem que entender que não tem nada demais nisso. Acontece com várias pessoas, de várias famílias. – Isabella disse, já irritada e com suas lágrimas descendo.

- Eu não admito isso na minha família! Todos somos apenas uma família e você deve namorar, casar, ter filhos, com um homem de outra família e não da sua. Será que você não entende isso? Não se amam, só querem ficar juntos porque é errado. – Tio Alex, disse, me deixando perplexo.

- Não é nada disso, nos amamos de verdade. Vocês que não entendem e por mim, não precisam, eu não faço questão, só quero que nos deixem em paz. – Eu disparei, como nunca na vida havia falado com eles.

Falei com respeito, afinal, ainda eram meus tios, mas já estava me irritando aquela situação.

- Resolveu mostrar as garras, garoto ? Isabella é minha filha ainda, infelizmente e eu vou fazer o que puder para não ficarem juntos.

- Por que, pai ? – Isa, chorava alto agora.

Lhe abracei de lado, sem me importar com nada.

- Olha só pra vocês...Estão cometendo um pecado. O que estavam fazendo antes de chegarmos aqui? – Sua mãe apontava para nossos “trajes” com uma cara tão indignada, que parecia que éramos dois assassinos.

- A senhora sabe muito bem o que fizemos. – Isabella sussurrou, dessa vez, com raiva.

- Imagina se você engravida, menina? – Senti seu corpo se enrijecer, contra o meu. – Imagina, se nasce uma criança com defeito...

- Não existi criança com defeito, mãe. E eu não vou engravidar!

- E se engravidar, qual o problema? Temos condições de criar um filho, podemos nos casar, somos independentes. – Eu disse.

- Vocês são uns mal agradecidos. É ISSO QUE SÃO! – Meu tio gritou, nos assustamos.

Escutamos a porta se abrir e meus pais entrarem ali. Reunião em família?

Deu vontade de perguntar.

- Mãe , pai?

- Seu tio me ligou e disse que estava vindo pra cá, viemos atrás. – Meu pai, logo se explicou.

- Liguei para saber se ele estava em casa e quando disse que não, já tinha certeza que estavam juntos. Tenho nojo de ver vocês nesse estado, que foram criados juntos...- Doía em mim, cada lágrima que Isabella deixava cair. – Como você pode deixar isso acontecer, Amarildo?

- O meu pai não tem culpa de nada, tio. Nós somos de maior!

- E mesmo se não fossem. Me arrependi de ter deixado você separar os dois, quando pequenos. Me arrependi de não ter os apoiado, porque se amam de verdade e não tem nada a ver se são primos ou não. Eu apoio eles e quero mais que sejam felizes! – Meu pai disse, surpreendendo a todos.

- Sabia que você era um fraco, ia se render a esses dois fácil. Querem saber de uma coisa? Não considero mais ninguém aqui como minha família, para mim, vocês morreram! – Ele saiu dali batendo a porta e sua mulher atrás.

Isabella chorava mais alto nos meus braços e minha mãe e meu pai, fizeram um sinal de que iam atrás do meu tio. Apesar de tudo, ainda eram irmãos e não podiam ficar brigados. Assenti com a cabeça e eles saíram.

Me sentei no sofá com Isabella e fazia carinho em seu cabelo.

- Vai ficar tudo bem, amor. Um dia ele se acostuma! – Eu sussurrava.

- E se isso não acontecer nunca? – Sua voz era falhada, por conta do choro.

- Não existe nunca! E mesmo se existisse, você me deixaria por isso? – Lhe olhei e ela levantou sua cabeça. Dando uma pausa no choro.

- Nunca! – Respondeu com firmeza. – Eu nunca vou deixar você de novo, por nada nesse mundo. Mesmo que isso me custe o ódio dos meus pais! – Ela abaixou seu olhar.

Foi como uma facada no meu coração.

Peguei seu rosto com as mãos e fiz com que me olhasse de novo.

- Eu vou te ajudar e juntos, vamos fazer eles entenderem. Vamos provar que nos amamos de verdade! – Sorri fraco e ela me acompanhou.

Me deu um abraço forte em seguida e deitamos no sofá.

Não falávamos nada, tudo em completo silêncio, até pegarmos no sono ali mesmo.

No outro dia, fomos para o local onde seria meu show. Em Macaé, interior do Rio de Janeiro.

Fazia de tudo, para que ela não lembrasse do dia anterior e parecia que funcionava.

Ela adorou nossa rotina, minha vida corrido e mais ainda, o carinho das fãs. Que já estavam lhe amando. Aquilo também me preocupava, eu confesso. Qual seria a reação delas? Mas deixava de pensar nas possibilidades.

Pela primeira vez, Isabella, assistiu ao meu show, na lateral do palco e não parava de dizer depois, o quanto foi perfeito.

- Está gostando ? – Perguntei, quando já estávamos no camarim, quase indo embora.

Selei nossos lábios, enquanto segurava seu rosto com as mãos e ela riu.

- Você já me perguntou isso milhões de vezes, amor!

- Ah! – Fiz bico e ela riu, colando seus lábios nos meus, mais uma vez.

- Sei que quer que seja tudo perfeito e está sendo mais que isso! – Sorri. – Te amo!

- Eu que te amo, meu amor. Quero ir pro hotel logo!

- Quer é? – Ela sorriu maliciosa e beijou meu pescoço.

- Quero! – Sussurrei em seu ouvido e senti seu pescoço arrepiado.

No domingo, voltamos para casa, onde tivemos um dia maravilhoso e uma noite, mais que especial.

Jantamos em casa mesmo, mas uma coisa completamente romântica. Eu estava mais que feliz. 

Mas já teria que ir embora na segunda, não queria, mas teria.