Capítulo 45

Fomos para Campo Grande, no outro dia, bem cedo, no avião do Luan mesmo.

Minha avó nos recebeu com um banquete para o café da manhã e dizia estar preparando um belo almoço. Meu tio não estava por lá, nem sua mulher. Só tinha Camila e Amanda, de nossos primos. Eram as que mais ficavam por lá.

- Está bom, Helen? – Minha avó, perguntava simpática para minha amiga, que comia sem parar. Ela assentiu, com a boca cheia. Rimos.

Tinha adorado o jeito “maluco” da minha amiga ser.

- Comida brasileira é outra coisa... – Ela enfim, engoliu.

- Não acredito até agora que não é brasileira e que nunca tinha vindo para cá. Fala um português perfeito.

- Obrigada, Dona Alice...

- Sem o "dona". – Rimos.

Enquanto comíamos, ouvi meu celular tocar e me levantei. Estava na sala, dentro da bolsa, tocava bem alto.

Olhei no visor e vi o nome da minha mãe escrito. Por mais que me doesse, eu não queria atender por simplesmente não querer brigar com ela, porque era isso que iria acontecer se eu atendesse aquela ligação, iria terminar em briga.

Rejeitei a chamada e suspirei, voltando a guardar o celular.

- Está tudo bem ? – Escutei a voz do Luan.

- Não foi nada.

- Tem certeza? – Assenti, mas ele não pareceu conformado.

- Era a minha mãe, não atendi para não causar brigas!

- Entendo...Esfria a cabeça, depois você liga.

- Não sei se consigo ligar de volta.

- Eles ainda são seus pais.

- Eu sei disso, claro, mas...Não sei. – Ficamos em um silêncio, constrangedor.

- É...Você ainda quer ver a Amanda? – Luan mudou o assunto.

- Claro que sim! Você sabe onde ela está? – Perguntei animada.

- Sei. Depois que me perguntou, eu pedi para Bruna e minhas primas pesquisarem e elas a encontraram, morando aqui mesmo.

- Aqui, em Campo Grande? Tá brincando...

- (risos) Sério! A cidade é pequena, não foi difícil.

- Eu quero vê-la logo!

- Vamos agora?

- Ainda pergunta? – Luan riu da minha empolgação.

Pedi que me esperasse, só iria avisar minha avó e ele assentiu. Dei um beijo em sua bochecha, quando passei perto dele e escutei sua gargalhada.

Perguntei se Helen queria ir, mas ela preferiu ficar comendo e conversando com minha avó e meu avô.

Fui com Luan no carro do meu avô, completamente impaciente.

- Tô nervosa... - Ele só ria de mim.

Enfim chegamos em frente a uma casa bonita, bem grande, que ficava em uma rua um pouco afastada do centro da cidade, bem tranqüila e poucas casas vizinhas por perto.

- Tá vendo aquele parque ali ? – Luan disse, antes de descermos do carro.

- Estou, o que tem? – Perguntei, olhando para frente.

O parque era lindo, com um gramado verde incrível. Muito grande.

- Foi o local do meu primeiro dvd. – Ele me olhou sorrindo, enquanto eu lhe olhava espantada.

- Sério? Você gravou um dvd e aqui?

- Na verdade, eu já gravei três e o primeiro foi aqui. – Ele mexeu no cabelo, de uma maneira linda.

- Eu nem sei o que falar. É tudo um sonho!

- Poe sonho nisso!

- Quero todos, ouviu?

- (risos) Te dou e autografado. Nem eu acredito que consegui encher aqui e naquela época.

- Foi quando?

- Depois de um ano que você foi embora.

- Um ano? Só? Nossa, as coisas aconteceram muito rápido pra você. Acho que eu que te trazia má sorte.- Fiz careta.

- Ah...Para, Isabella! – Ri, da sua cara.

Descemos do carro e tocamos o interfone da casa, que parecia mais de boneca e filmes americanos, de tão bonita.

Escutamos o portão já se abrir e demos de cara com uma moça linda. Com seus cabelos completamente loiros, usava uma roupa simples, mas mesmo assim, estava linda. Parecia pronta para sair.

Ela me olhava, mas não falava nada.

- Amanda?

- Você, é...Não pode ser. – Ela murmurava mais para ela. – Luan? – Ela finalmente o viu ali.

- Tudo bem, Amanda?

- Nossa! Você aqui na minha casa? Estou realmente surpresa, já que esqueceu os velhos amigos. – Ela disse de bom humor e Luan fez careta.

- Trabalho...Graças a Deus, muitos trabalhos!

- Só estou brincando. Também ando trabalhando bastante...

- Não mereço nenhum abraço, Amanda?  É assim que você recebe os velhos amigos? – Eu disse e finalmente, parecia que sua ficha tinha caído.

Me abraçou tão forte, que quase sai do chão.

- Isa? Mentira...

- Sou eu, amiga!

- Como você tá? Como voltou? Pra onde foi ? Meu Deus, eu morri de preocupação...- Ela disparou.

- (risos) Estou ótima! Voltei de avião de Boston.

- Boston? Meu Deus... – Ela desfez o nosso abraço e me olhou.

- È...Vamos deixar o passado no lugar dele ? Eu vim pra ficar!

- Pra sempre?

- Pra sempre! – Nos abraços de novo, enquanto ríamos.

Amanda nos chamou para entrar e disse que desistiria de sair.

Nos sentamos no sofá, depois que ela nos trouxe suco, com bolo. Luan comia, enquanto falávamos.

- Você se formou em que, amiga? – Eu perguntei.

- Em direito...No começo eu não queria, meus pais colocaram pressão, mas depois eu comecei a amar aquela faculdade.

- Que ótimo!

- Amo o que eu faço. Tenho um escritório aqui e em Maringá!

- Fico feliz por você...

- Já você, tenho certeza de que é uma grande médica. – Sorri.

- Como sabe que eu iria conseguir ser médica?

- Você é inteligente e tem tudo pra dar certo, não desisti do que quer...É claro que alcançaria seu objetivo. - Ouvimos a porta se abrir e nos viramos para olhar.

Um homem, alto, malhado, dos cabelos pretos, com um corte estilo o do Luan, mas não estava arrepiado, entrava e nos olhava curioso.