Capítulo 47

Abri os olhos lentamente e me deparei com seu rosto perfeito, que tinha um meio sorriso em seus lábios. Fitei sua boca e logo subi o olhar para seu rosto novamente.

Então, ele tomou a iniciativa de quebrar o mínimo espaço que tinha entre nós e me beijou. Um beijo calmo, lento e muito doce.

Ele segurava meu rosto, com as duas mãos, com todo carinho do mundo e acariciava minhas bochechas, não pude deixar de fazer o mesmo.

Coloquei uma de minhas mãos em sua nuca, que se arrepiou na hora e a outra, foi para seu braço, três vezes mais forte que antes.

Assim que o ar faltou, nos separamos e sorrimos um para o outro. Ainda com um mínimo espaço entre nós.

- Saudade do seu beijo. – Ele sussurrou.

- Mas já nos beijamos algumas vezes. – Também falei baixo.

- Mesmo assim... – Rimos.

Luan se aconchegou melhor em cima de mim e deitou sua cabeça em meu peito. Pegou uma de minhas mãos e levou até sua cabeça, entendi tudo e já comecei a fazer um cafuné em sua cabeça. Liguei a televisão e ficamos vendo, ou melhor, só eu fiquei vendo. Depois de alguns minutinhos, Luan dormiu como um bebê.

Helen chegou na sala e já iria falar alto, como sempre, mas eu coloquei um dedo nos lábios, indicando que era para ficar quieta.

- Nunca te vi tão boba. O que o amor não faz com a pessoa... – Ela disse baixinho e saiu rindo do mesmo modo, para cozinha.

Olhei Luan em cima de mim e sorri. Realmente aquilo era amor, que não morreu mesmo depois de anos e de tantas coisas que passamos.

Acabei pegando no sono ali também e acordei com algumas risadas. Abri os olhos devagar e senti uma mão na minha cabeça, que logo reparei que estava no colo do Luan e dessa vez, ele quem me fazia um carinho.

- Dormir muito? – Minha voz saiu rouca, mas não me levantei de onde estava.

- Eu acordei há meia hora atrás. – Luan disse, fiz careta. – Acordamos você?

- Claro. Ficam rindo ai... – Eles riram.

- Luan estava me contando algumas coisas dos shows, das fãs. Eu amei tanto!

Vamos a um show dele qualquer dia, amiga? – Helen se sentou do meu lado.

- Não sei, Helen. Vamos começar a trabalhar.

- Vamos ter folga, né! – Ela revirou os olhos.

- Você que fica atiçando , né? – Me virei para Luan, que riu.

Me roubou um selinho rápido.

Fiz um lanche para nós e passamos o resto do dia, comendo e conversando.

Eu e Luan já estávamos bem próximos, trocando beijos e carinhos. Parecia a época que éramos adolescentes e começamos a ficar escondidos, logo no comecinho.

(...)

                                                                                    

Começamos a trabalhar na segunda feira e eu confesso, que estava morrendo de nervoso, diferente de Helen, que estava radiante como sempre.

Felizmente, as pessoas do hospital eram muito acolhedoras , típicos dos brasileiros, claro. Não demorou muito para criarmos uma amizade maior com um certo grupo, de médicos e enfermeiros.

Conversávamos com alguns, no restaurante do hospital, que era de luxo. Eles riam, eram sempre divertidos e bem humorados.

- Vocês são tão novas para serem médicas. Nunca sofreram assédio ? – Pablo, um fisioterapeuta falava. Deveria ter uns 35 anos.

- Graças a Deus não! – Fiz careta.

- Mas já teve uns pais bem bonitos, indo levar seus filhos no hospital. Levavam direto! – Helen, tinha que falar algo. Eles gargalharam.

- Tinha que ser você! – Revirei os olhos.

- Você me lembra alguém... – Ele me olhava com os olhos estreitos.

- Sério?

- É...Posso já ter te visto.

- Acho que não! – Nunca tinha o visto antes.

- Você não tem...Sei lá, parentes famosos? Vai ver é isso. – Ele riu.

- Tem sim! Ela é prima do Luan Santana, sabe? – Minha amiga, se meteu na nossa conversa, lhe cutuquei, enquanto ela dava de ombros.

Os outros também me encaravam, depois que ela disse isso.

- É sério, Isa? – Clara, me perguntava.

- É...

- São primos próximos? Você tem contato com ele?

- Somos. Meu pai é irmão do dele e só às vezes. – Respondi sem jeito, olhando para minha comida. Eles perceberam.

- Então é isso mesmo... – Pablo, continuou. – Vocês se parecem bastante mesmo ! -  Ele riu descontraído, o que fez todos rirem também e assim o clima tenso se foi, também ri.

Era difícil falar que eu era prima do Luan, e ainda mais quando falavam que éramos tão parecidos, mesmo nós dois não achando. Mas era a verdade e eu sempre seria prima do amor da minha vida, teria que me acostumar um dia.

Naquele dia, quando chegamos em casa, Luan me ligou e marcamos de eu e Helen, irmos a um show seu. Teria uma folga na sexta feira, mesmo ficando morta para o outro dia de trabalho, eu iria.

Helen ficou muito animada e já foi escolher a roupa que iria, essa era sua maior preocupação.

Começamos a nos arrumar duas horas antes de sairmos de casa, no dia do show. Mas mesmo assim, consegui terminar primeiro que minha amiga.

- Uau, amiga! Você guardou sua melhor roupa pra hoje? – Helen, fez sua graça, enquanto eu revirava os olhos.

- Como você é boba...

- Nunca te vi tão linda! – Rimos.

Fomos para o local do show, que Luan nos deu o endereço, fomos de táxi mesmo.

Por uma incrível sorte e coincidência, aquele show seria ali mesmo no Rio.

Assim que chegamos, colocamos nossas pulseiras, que Luan também tinha mandado e fomos para o camarote.

O local estava enchendo cada vez mais, me deixando ainda mais assustada. Nunca imaginei que ele lotaria tanto uma casa de shows.

Não deu tempo de irmos para o camarim, pois logo a banda já deu inicio ao show.

Assistíamos tudo com admiração, pelo menos eu, prestava a atenção nos mínimos detalhes. Helen também, mas às vezes dava a louca, gritando, pulando e cantando algumas músicas que conhecia, quase todas.

Acenava para o Luan, que às vezes até ria, enquanto cantava e acenava de volta para ela. O que deixava algumas fãs, que também estavam no camarote, lhe olharem de lado. O resto, não prestava a atenção nisso, estavam na pista pulando.

- Acho que vou ser morta aqui! – Minha amiga, sussurrava em meu ouvido.

- Eu tenho certeza! Para de bancar a histérica e para de dar tchau pra ele, por favor?– Ela gargalhou e voltou a dançar a música que tocava.