Capítulo 16

Então aquele era meu “presente” ? Será que aquela música, ele tinha feito pra mim?

Essas perguntas que não saiam da minha cabeça e que eu iria perguntar Luan, mas não naquele momento.

Olhei para ele, que já tocava outra musica e dei um sorriso largo, ele retribuiu com o seu melhor sorriso também e desviou seu olhar.

Voltei a curtir a festa com os meus amigos e com muito custo, meu tio conseguiu tirar Luan daquele palco, para que pelo menos, comesse algo.

Sentamos em uma mesa separada, para jantarmos.

Foi muito divertida aquela noite, eu troquei vários olhares com Luan, que me causava arrepios.

Fomos embora, já quase amanhecia. Meu pai e tio Amarildo, estavam um pouco mais alegres por conta da bebida, então consegui convencer minha mãe de ficar conversando um pouco com Luan e depois já iria dormir.

Bruna queria ficar conosco, mas Luan não deixou e ela se foi com sua mãe emburrada.

Nos sentamos na calçada, da minha casa.

- Você ficou linda com aquele vestido. Uma princesa! – Ele dizia, me deixando sem jeito.

- Obrigada!

- Não precisa ter vergonha de mim, Isa.

- Eu sou tímida... – Luan riu baixo e eu o acompanhei.

- Mas em, gostou da música? Eu fiz ela pra você! – E enfim, ele chegou onde eu queria.

- É sério? Pra mim mesmo?

- (risos) Pra você sim! Pensei em você enquanto escrevia ela.

- Nossa! Não sei o que dizer...

- Só diz se gostou ou não.

- Eu amei, como não amar? Tenho certeza que vai fazer muito sucesso.

- Eu também tenho, porque fiz ela com o coração e tudo que se faz com amor, vai pra frente.- Mais uma vez, fiquei sem jeito com suas palavras e desviei meu olhar do seu.

- As vezes você fala coisas tão lindas!

- Você me inspira. – Ele acariciou meu rosto.

- Eu já disse que não acho isso certo, Luan. Não sei nem por que estou aceitando tudo isso...

- Eu sei. Seu coração tá falando mais alto. – Fiquei calada.

Ele se aproximou mais do meu rosto e depois de me beijar com intensidade, acariciou mais uma vez, minha bochecha. – Você beija tão bem, eu já te disse?

- (risos) Para de me deixar com vergonha! Tenho que entrar...

- Tudo bem! – Ele suspirou. – Até amanha, então? – Ele se levantou e eu o acompanhei.

- Até amanhã! – Sorri para ele, que retribuiu.

Demos mais um beijo rápido e eu saí correndo até minha casa, acenei para ele, antes de entrar.

Dormir quase a tarde inteira do outro dia e quando acordei, almocei um dos melhores almoços que minha mãe já fez.

Assisti televisão e já no final da tarde, Luan apareceu me gritando.

- O que foi ? – Eu disse, enquanto ele se sentava do meu lado.

- Vamos ir em uma festa?

- Com você?

- Comigo e meu pai.

- Sério ? Acho que não...

- Por favor, Isa.

- Por que a Bruna não vai?

- Porque ela tá brincando com uma amiga. Prefere a companhia dela do que a minha?

- (risos) É que ela é menina.

- Ah, isabella! – Ele revirou os olhos. – Vamos, vai... – Não tive escolha, a não ser me levantar do meu sofá e ir tomar um banho e trocar de roupa.

Depois de pronta, fomos até a casa do Luan, com ele tagarelando no meu ouvido, da minha demora, que nem foi tanta assim.

- Vamos, então, filha?

- O senhor também vai, pai?

- Vou sim! – Então assim, fui com Luan, seu pai e o meu, para aquela tal festa.

Confesso que no começo me senti estranha, tinha muita gente desconhecida e eu era uma das raras mulheres que tinha por ali.

Era em um tipo de praça, tudo bem descontraído e o churrasco rolava solto.

Fui me soltando e aos poucos já estava me divertindo, Luan fazia palhaçada na mesa que está vamos sentados e as vezes até se arriscava a acariciar meu rosto ou minha mão, mesmo eu morrendo de medo que meu pai, ou tio Amarildo vissem.

Mas eles estavam entretidos demais para aquilo, conversavam com amigos, bebiam e riam sem parar.

Fui ao banheiro uma hora e quando estava voltando ouvi a conversa de dois homens.

- Será que ninguém canta, ou toca alguma coisa aqui ? Esse som já está enjoando. – Um deles dizia.

- Eu não conheço ninguém. – O outro respondia.

- É...Com licença. – Me enfiei no meio dos dois, na cara de pau.

- Oi? – Eles me olhavam em dúvida.

- O senhor quer alguém que toque e cante? Eu sei uma pessoa...

- Sério ? Pode pedir, então?

- Claro que sim! Ele é meu primo...

- É...Quantos anos ele tem?

- Tem 15, por que?

- Só isso?

- Moço, ele canta bem. Eu dou minha palavra, deixa, vai? – Insisti tanto que o homem deixou.

Ele que estava organizando aquela festa. Quando ia voltando, vi tio Amarildo voltando do banheiro masculino e o gritei.

- O que foi, Isa?

- Tio, o moço que organizou a festa queria alguém pra cantar e eu pedi pro Luan cantar e ele deixou. – Eu falei tão animada, que meu tio riu de mim.

- Sério? Ele vai amar!

- (risos) Eu também acho!

- Vamos contar pra ele, então...

- Mas sabe o que é? – Falei sem jeito.

- O que foi?

- Eu queria que ele ganhasse algo, pra incentivar, sabe? E acho que eles não vão pagar. – Fiz careta.

- Você quer que ele receba um cachê pra incentivá-lo?

- Isso!

- (risos) Vamos fazer assim, então. Eu pago e peço pra eles darem.

- Sério ?

- Também acho que ele vai ficar feliz com isso.

- Ah! Eu tenho certeza que sim e um dia ele vai pagar pro senhor muito mais que isso. – Ele riu de mim, enquanto caminhávamos até o homem da festa.

Meu tio deu 50 reais a ele e disse que teria que entregar ao Luan e eu claro, entrei no meio mais uma vez. Não sei onde tinha ido parar minha vergonha.

- Diz pra ele que estão pagando porque gostou muito do trabalho dele! – Eu dizia ao homem exatamente o que teria que dizer ao Luan, enquanto eles riam da minha cara.

Revirei os olhos e disse que iria chamá-lo.

Luan ficou tão feliz com aquela noticia, que logo arrumou um violão e subiu no palco.

Cantou as duas composições que tinha feita e o pessoal pareceu gostar muito, e depois as pessoas começaram a pedir músicas sem parar.

Toda hora um chegava e pedia uma música sertaneja que gostava.

Demoramos mais que o previsto naquela festa, por conta daquilo e só saímos, quando já não tinha mais ninguém ali.

Como o combinado o moço chamou o Luan e o entregou o dinheiro, dizendo exatamente o que eu tinha o dito para dizer e no final, me olhou e deu uma risada discreta.

Eu não sei explicar o tamanho da felicidade que aquele garoto de 15 anos estava sentindo.

Fomos embora com o Luan fazendo planos para aquele dinheiro, dentro do carro, o que nos fazia rir.

Quando chegamos em casa, não foi diferente, ele contou para a minha e sua mãe, o que tinha acontecido e mostrava orgulhoso seu dinheiro, nem Bruninha escapou.

No outro dia, fui acordada cedo pelo Luan, me sacudindo e com muito custo, eu me levantei e me troquei no banheiro, enquanto ele me esperava impaciente.

Disse que seu pai nos levaria no shopping e eu disse que ia sem questionar.

Ele iria insistir mesmo e eu estava com vontade de sair.

Tomamos um café da manhã, que minha mãe tinha preparado e depois fomos para o shopping.

Primeiro tomamos um sorvete e depois começamos a passear por lá. Luan viu uma loja de sapatos em liquidação e adorou um tênis.

- Eu vou comprar ele com o meu dinheiro.

- (risos) Como você é besta, Luan.

- Eu sei que é pouco, mas pra mim é uma fortuna. Foi pelo meu trabalho, você tem noção?

- Eu tenho e tenho também que você vai ganhar muito mais que isso. Vai ficar rico! – Eu ri, enquanto ele me abraçava de lado e entrávamos na loja.

Luan amou o tênis, que era bonito mesmo e depois dali, ligamos para o meu tio ir nos buscar.

Mais uma vez tive que o ouvir falar para todos e mostrar seu tênis orgulhoso.

Eu revirava os olhos, fazendo todos rirem e Luan bagunçar o meu cabelo.