Capítulo 19

Algumas semanas se passaram e eu definitivamente nem falava mais com o Luan e resolvi falar mesmo para meus tios e meus pais, que estávamos brigados. Mas é claro que inventei uma outra desculpa pela briga.

Eles nem ligaram, falavam que era coisa de adolescente e que logo passava.

Luan ficava cada dia mais próximo daquela Bianca, deixou até de andar com o nosso grupo, por causa dela, que dizia não ir com a cara de nenhum de nós. Eu estava morrendo de raiva, mas não demonstrava.

Estava gostando dele e já tinha aceitado para eu mesma e para Amanda, mas não tocava no assunto, machucaria menos.

Descobri um certo dia na escola, que os dois estavam ficando há alguns dias, o que me fez ter mais raiva ainda e em uma atitude um pouco infantil, uma vez na praça da minha rua, fiquei com Gustavo, na frente dos meus amigos mesmo. Era um tipo de vingança, eu queria descontar aquilo e não pensei no que fiz.

Depois daquele dia ele vivia no meu pé e até dizia me amar, já estava começando a me arrepender de ter feito aquilo.

Luan que antes nem me olhava, passou a me olhar com raiva.

- O Luan já sabe que você ficou com o Gustavo. – Amanda disse, enquanto comíamos.

- Imaginei! Ele me olha com raiva, mas se ele pode ficar com aquela loirinha de farmácia, porque eu não posso ficar com outro também?

- Sabia que isso era vingança, provocação.

- Não começa... – Revirei os olhos. – Não temos mais nada e nem pretendo ter.

*

 Não estava mais falando com a Isabella e aquilo estava me doendo muito, mesmo eu provando ao contrário, ficando cada dia mais com Bianca.

Ela era uma menina bonita, inteligente e engraçada, eu gostava dela, mas não como gostava de Isa, claro.

Ela era única e especial, mas me irritava ficando perto de Gustavo, que antes, era um dos meus melhores amigos.

- Você tem alguma coisa com a sua prima? – Bianca me perguntou em um dia.

Antes de eu e Isabella brigarmos, ela me ignorava naquele dia e eu não entendia o porque, quer dizer, o ciúmes da minha aproximação com a nova aluna, era um deles.

Mas eu gostava da menina, queria sua amizade.

- Claro que não! Por que pergunta? – Fiquei assustado.

Será que estava tão na cara assim?

- É porque...Ela parece com ciúmes de você comigo, me desculpe.

- Não, que nada! Ela tem ciúmes, mas é coisa de primos, entende? – Passei a mão no cabelo, sem jeito. – Eu também tenho dela.

- Percebi, pelo jeito que olhava pra ela e aquele garoto. Gustavo?

- É...Somos muito apegados, quase irmãos. – Foi a única explicação que veio na minha cabeça.

- Então, ela deve ter algo com ele. Já viu como se olham? – Bianca sorriu e aquela fala não me deixou contente.

- Você acha?

- Tenho certeza, sei quando as meninas estão a fim.

- Você já gostou de alguém?

- Já...Mas já passou, coisa de criança, mas foi forte. – Rimos.

- Você acha que uma garota apaixonada demora a perceber isso? – Não sei porque estava entrando naquele assunto,na verdade, eu sei. Queria procurar entender Isabella.

- As vezes, mas não sempre. Se a garota gosta mesmo do menino, ela vai demonstrar e querer ficar com ele. – Aquilo me trouxe dúvidas. – Ela tem que decidir o que quer. – Parece que suas respostas, era exatamente as minhas perguntas.

Mudei o assunto, mas não tirei aquilo da cabeça.

Isabella, teria que decidi o que queria da vida, pra gente e não ficar naquela enrolação, que ela fazia.

Estava ficando sério com a Bianca, ela ia muito a minha casa e todos de lá já a conhecia, inclusive meus tios, que falavam que formávamos um casal lindo. Queriam nos ver namorando de qualquer jeito.

Isabella era difícil aparecer na minha casa, a Bruna que sempre ia para casa dela, para brincarem de boneca.

Eu ria quando escutava aquilo e imaginava Isa, brincando de bonecas. Ela fazia aquilo para deixar minha irmã feliz, já que nossas primas de sua idade moravam longe e as poucas colegas que tinha na escola, moravam em outras ruas e meus pais ficavam com medo de deixá-la ir. Sempre foi tímida e com um pouco de dificuldade para fazer amizades.

Em uma tarde, levei Bianca em casa e quando voltei para casa, escutei a gargalhada de Isabella, de longe, inconfundível.

Fui andando devagar até o quarto de Bruna, onde as duas faziam alguma coisa.

- Então você tá namorando, prima? – Minha irmã falava animada.

- Claro que não, Bruna. Fala isso baixo!

- Mas ele não quer?

- Quer, mas não sei se eu quero. – Elas só podiam estar falando do Gustavo.

Fiquei muito bravo, ele tinha pedido a menina que eu gostava em namoro.

- Mas por que?

- Primeiro, não sei se meu pai vai deixar. – Ela riu. – E eu não gosto dele tanto assim.

- Entendi... – Entrei para o meu quarto e nem quis acabar de ouvir aquela conversa.

Ela não podia aceitar namorar aquele idiota.

No outro dia, saí de casa mais cedo para ir para a escola, já que Isabella ia mais cedo para não encontrar comigo pelo caminho.

Corri até ela, que já estava um pouco mais na frente e se assustou quando me viu.

- Quero falar com você! – Disse.

- Eu não quero falar com você. O que tá fazendo indo pra escola essa hora?

- Eu queria te encontrar.

- Eu não quero te encontrar, Luan. Que saco! – Ela disse irritada.

- Você vai namorar aquele idiota do Gustavo?

- O que? Quem te disse isso, eu...- Ela fez uma pausa. – Deve ter escutado minha conversa com a Bruna. Sabia que aquela porta batendo era você! – Ela bufou e continuou a andar, acompanhei.

- Era eu sim e ouvi tudo sim. Você não pode namorar com ele...

- E por que, posso saber? – Ela parou de frente para mim, com os braços cruzados.

- Porque...Ele não é pra você. Eu vou dizer pro meu tio não deixar.

- Me erra, garoto. Vai procurar a sua namoradinha!

- Ela não é minha namoradinha, mas quer saber? Acho que vai passar a ser.

- Eu não tenho nada com essa sua vidinha, faz o que quiser e me deixa em paz! – Isa, aumentou os passos e eu resolvi ficar para trás, iríamos brigar mais.

*

Assim que cheguei na escola naquele dia, nem falei com ninguém, o Luan tinha acabado com o meu humor e meus amigos não mereciam que eu descontasse neles.

Na hora do recreio também não quis sair e fiquei na sala.

- Oi... – Escutei uma voz e levantei a cabeça, que estava sobre a mesa.

- Oi, Bianca! – Sorri forçado.

- Não vai lá pra fora?

- Não estou com vontade! – Eu disse educada, mas não estava entendendo nada.

Ela nunca tinha falado comigo e agora estava puxando assunto.

- Hum! Está brigada com o Luan?

- É da sua conta? – Perdi a paciência, já estava irritada mesmo.

- Nossa! Só perguntei. Não precisa disso. Você tem ciúmes dele, não é? – Ela ria sarcástica.

- Já disse que não é da sua conta, garota.

- Pois fique sabendo que ele nunca vai namorar com você, ele já está me amando e quase me pedindo em namoro...

- Não quero saber!

- E outra, vocês são primos. Eu sei que os pais dele te tratam como uma filha. Imagina que lindo, não é? Praticamente os dois filhos namorando! – Ela riu mais uma vez.

- Primeiro, eu não sou namorada do Luan. Segundo, nós não somos irmãos e terceiro, sai daqui! – Me estressei.

- Tá com raiva, é?

- Garota, você é irritante!

- Você também...

- Eu não quero nada com o Luan, para de me encher!

- Eu acho bom mesmo! – Ela saiu dali andando rebolando.

Mal sabia ela, que andava igual uma minhoca desengonçada.