Capítulo 25

- Isabella! Eu não saio daqui enquanto você não abrir essa porta. – Dessa vez ela não falou nada. – E eu tô falando sério! – Não demorou muito para eu escutar o barulho da porta se abrindo.

Ela voltou correndo para dentro e se jogou na cama.

- O que você quer? – Sua voz saiu abafada, por estar de cara no travesseiro.

- Quero que me ouça. Eu beijei sim a Bianca, mas aquilo tudo foi estratégia... – Enfim, ela virou o rosto para me olhar. Secou as lágrimas e se sentou na cama, me encarando de braços cruzados.

- E pra quê, posso saber?

- Pra pegar isso... – Peguei o celular do bolso e ela me olhou assustada.

- Esse celular...

- É dela e eu já apaguei o vídeo! – Sorri vitorioso.

- Mas e se...Ela tiver mais em outro lugar?

- Tem umas fotos dela aqui, que eu creio, que ela não vai querer que espalhamos. – Ri e Isabella me olhou sem entender. Então coloquei para que ela visse.

- Ela tá...Pelada? – Assenti e ri de sua cara de nojo. - Mas é muito vaca mesmo!

- Agora você acredita em mim?  - Ouvi seu suspiro alto.

- Me desculpa? – Ela disse sem jeito. – Mas é que...Eu tenho medo de você me trocar por ela, que é muito mais bonita, seus pais gostam dela...Eu te amo e tenho medo... – Lhe interrompi com um beijo.

Encerramos com mordidas e eu sorri para ela, que ainda demonstrava está envergonhada.

- Eu te desculpo, se fosse eu também pensaria besteira. Mas agora já está tudo bem! – Acariciei seu rosto.

- Pelo menos um de nossos problemas conseguimos resolver! – Ela sorriu.

- E vamos resolver todos ainda... – Lhe dei outro beijo.

Fui deitando ela na cama e ficando por cima. Precisava senti-la e nada melhor que depois de uma briga.

Senti suas mãos apressadas, já querendo tirar a minha camisa e levantei os braços para facilitar.

Passamos o dia nos amando, ali na sua casa, em seu quarto, pela primeira vez.

*

Os dias foram se passando e quando me dei conta, já era final de ano. Luan andava um pouco pra baixo, continuava fazendo seus poucos shows, mas dizia ele, que não estava muito feliz.

Queria gravar um CD, mas não tinha músicas, e andava muito triste para compor, também não tinha dinheiro para comprar uma música de outro artista, que ficasse só pra ele.

E com aquilo tudo, conseqüentemente, eu ficava triste junto com ele, mas tentava o animar sempre que dava.

Certo dia, fomos a noite, para praça que ficava perto da nossa casa, nos sentamos em um banco e ficamos em silencio.

- Eu estava pensando em uma coisa. – Ele me olhou.

- O que?

- Acho...Que eu vou parar de cantar.

- O que? – Me assustei.

- É, não está dando em nada. Acho...Que eu nunca vou conseguir chegar onde eu pretendo.

- Não diz isso, Luan. Por favor! Você tem que continuar, a vida é assim mesmo.

- Você sempre diz isso. – Ele suspirou. – Minha mãe sempre diz que a vida tem altos e baixos, mas pra mim, só vem os baixos.

- Mas você ainda tem muito que viver, espera, amor. Espera que sua recompensa vai valer a pena, confia! – E assim o abracei, com o objetivo de lhe confortar.

Fomos embora para casa, mas a opinião de Luan não tinha mudado, ele queria parar de cantar de todo o jeito.

Passei o outro dia inteiro junto com ele e Bruna, tentava não tocar mais no assunto “música” e o ver sorrindo.

Certa hora, fui até uma sorveteria próxima buscar sorvete para tomarmos, já que ninguém estava com ânimo de ir até lá, fui sozinha mesmo.

- Oi... – Uma menina me parou.

- Oi, tudo bem? – Sorri, sem jeito.

- Tudo! – Ela sorriu. – Você...É a prima do gurizinho? – Estreitei os olhos.

Sabia que era o Luan, mas só as pessoas que não eram próximas dele que o chamavam assim. – Do Luan? Sou por que?

- Ah, nossa! A gente queria muito te encontrar mesmo. – Ela fez sinal para mais três meninas, que se aproximaram. – Entrega isso pra ele? Ficamos sabendo que ele pensa em parar de cantar e nós não queremos...Somos suas fãs.

- Fãs? – Fiquei surpresa.

- (risos) Isso! Não deixa ele desistir? Ele não pode! – Uma outra menina, falou de um jeito tão fofo, que eu sorri.

- Também acho que ele não pode e tenho certeza que essa carta vai convencê-lo a não fazer isso. Vou ajudar também!

- Muito obrigada! Diz a ele que nós o amamos, e sempre estamos nos shows, mesmo longe daqui. É que temos um pouco de vergonha de nos aproximarmos. – Uma outra, com voz meiga, disse.

- Ele vai amar saber disso! Então, eu já vou, meninas. Não vou deixar ele desistir!

- Isso, não deixa! – Elas sorriram e eu abracei cada uma, antes de sair dali.

Cheguei animada, na casa do Luan e ele estranhou toda minha felicidade.

Tomamos o sorvete e Bruna foi tomar seu banho.

Depois de me beijar por alguns minutos, Luan também disse que iria.

- Amor, lê isso aqui! – Lhe entreguei a carta e ele me olhou em dúvida. – É uma carta de umas fãs suas que encontrei na sorveteria. Te entreguei só agora, porque quero que leia sozinho.

- Fãs minhas?

- É, isso não é incrível? Elas disseram que sempre te acompanham, mas tem vergonha de falar isso direto pra você. Pensam exatamente igual eu!

- Eu vou ler! – Ele sorriu.

- Tá vendo, você já tem até fãs! – Rimos.

- Fiquei surpreso com isso, e ao mesmo tempo muito feliz! Quero ler logo! – Demos o ultimo beijo e eu fui correndo pra casa.

Não liguei mais para o Luan, queria que lesse e refletisse, sem ninguém o atrapalhando.

Tinha certeza que aquela carta era importante e séria o bastante, para fazê-lo mudar de idéia.

Encontrei Luan no outro dia, para irmos para escola e seu rosto estava completamente diferente de todas as manhãs. Ele estava feliz.

- Por que está tão feliz?

- A carta...Você tinha razão. Ela me fez não desistir, aquela palavras. Eu não vou desistir!

- Sério? Que ótimo, amor. Eu fico tão feliz...

- E ainda tive inspiração pra compor uma música com ela.

- Nossa...

- (risos) Não vou desistir dos meus sonhos, meu amor!

- Não desisti, amor! – Parei de andar e ele parou também.

Olhei para a rua, para ter certeza que não tinha ninguém por ali e lhe beijei.