Capítulo 29

- Isabella? – Meu pai que dizia.

- Pai...

- Vem aqui! – Ele disse de uma forma tão triste, que eu tive certeza, na hora, de que realmente sabia de tudo.

Me sentei ao seu lado com receio e logo minha mãe apareceu da cozinha.

- Pode me explicar, o que é isso? – Ele pegou um papel, em cima da mesa de centro.

Só então, percebi que era a foto, que Bianca tinha me mostrado, mas impressa.

- Eu posso explicar... – Respirei.

- Estou esperando... – Ele cruzou os braços.

- Eu...É...Eu e o Luan...

- É verdade que vocês estão...Namorando? Eu só quero que me responda isso e quero a verdade!

- É, mas é porque a gente se ama de verdade, pai...

- (risos) Vocês se amam? Pode até ser, mas como primos, Isabella.

- Não é, pai. É amor mesmo, de homem e mulher! – Ele se levantou e me olhou furioso.

- VOCÊS NEM SAíRAM DAS FRAUDAS AINDA...

- Calma, Alex. – Minha mãe se aproximou, em uma tentativa em vão, de acalmá-lo.

- É sério,pai...

-  CALA A BOCA E ME ESCUTA! VOCÊ ESTÁ FICANDO DOIDA? O LUAN É PRATICAMENTE SEU IRMÃO. EU E SUA MÃE O CONSIDERAMOS COMO UM FILHO E OS PAIS DELE TAMBÉM TE CONSIDERAM.- Não agüentei e deixei que as lágrimas caíssem. – VOCÊS VÃO PARAR COM ESSA PALHAÇADA JÁ, ENTENDEU? – Ele respirou fundo. – Eu só vou te dar um aviso, Isabella e quero que me escute bem. Eu não vou fazer nada, porque vocês vão parar com isso, mas se não pararem. Eu vou contar pros pais dele e juro pra você, eu faço uma loucura. – E assim ele saiu dali, indo para o quarto e batendo a porta do mesmo com força.

- Mãe...- Supliquei ainda chorando.

- Seu pai já disse tudo, Isabella. E eu não vou contrariá-lo. Também penso como ele, se quiser namorar, vá conhecer um rapaz qualquer e descente.

- Mas eu não quero ninguém que não seja o Luan...

- Morre esse assunto aqui dentro, porque se não, o seu pai faz uma besteira mesmo.

- Eu não tenho o direito de ser feliz?

- Você não sabe o que fala, não viveu metade dessa vida ainda, garota.

E ainda deu sorte, porque nem de castigo ele te colocou, não abusa.

- Isso não é justo...

- O que não é justo, Isabella? Pelo amor de Deus. Vai pro seu quarto, ainda não terminei o almoço, quando tiver pronto eu te chamo. – Subi aquelas escadas correndo tanto e com meus olhos tão embaçados, que eu nem sei como não cai.

Chorei muito, no fundo, eu sabia que seria daquele jeito. Eu teria mesmo que me afastar do Luan.

Ainda era de menor, dependia dos meus pais, eles me sustentavam, eu tinha que respeitá-los.

Meu celular tocou mais uma vez e dessa vez eu tive que atender.

- Oi...- Falei, enquanto me sentava e limpava as lágrimas.

- O que aconteceu, amor? – Ele me conhecia bem, apenas com uma palavra.

- Nada.

- Fala a verdade, você sabe que eu te conheço bem.

- Tudo bem! – Suspirei. – Meu pai descobriu tudo sobre nós.

- O que? – Ele ficou assustado.

- A idiota da Bianca veio aqui e contou tudo pra ele e ainda teve a cara de pau de falar que foi ela.

- Eu não acredito! Eu vou matar essa garota! – Ele falava nervoso.

- Fica calmo, amor.

- E o que ele disse?

- O previsto, Luan. Não quer que continuamos com o namoro, ele gritou comigo e disse que se eu continuasse a me encontrar com você, iria falar com seus pais e fazer uma loucura. – Voltei a chorar.

- Amor...Eu não sei o que dizer.

- Não precisa dizer nada, meu amor.

- E como nós ficamos?

- É melhor conversarmos pessoalmente. Quando volta?

- Depois de amanhã.

- Ótimo! Dou um jeito de te encontrar na praça, atrás da escola. Não vem aqui de jeito nenhum, entendeu?

- Entendi...Você acha que ele vai falar com os meus pais?

- Acho que não.

- Então tá, beijos e eu te amo!

- Te amo, muito! – Desliguei e me joguei na cama de novo.

Fiquei o dia inteiro ali, chorando e nem comer eu quis. Eles não insistiram.

Tentei agir normal com ele, depois daquele dia e parecia que eles também queriam esquecer.

Pedi que Amanda os pedissem para que eu fosse em uma sorveteria com ela e meu pai me olhou com receio, mas deixou. Luan estava chegando ainda e iria direto me encontrar, então,meu pai achava que ele só chegaria no outro dia.

Contei pra minha amiga no caminho, o que estava acontecendo e depois ela foi para sua casa.

Me sentei no banco em que ficávamos e não demorou para eu avistá-lo, lindo como sempre e quando se aproximou, me deu um de seus melhores abraços.

- Como você tá, amor? – Ele falou preocupado, enquanto nos sentávamos.

- Agora, melhor! – Suspirei.

- Eu tenho vontade de matar essa Bianca.

- Não vamos pensar nela, o estrago já tá feito e ela ainda deve ter contado tudo do jeito dela, aquela nojenta. – Me aconcheguei em seus braços. – Como nós vamos ficar? – Falei com um fio de voz e com medo da resposta.

- Como sempre ficamos...

- Hã? –Levantei a cabeça para olhá-lo.

- Vamos continuar ficando escondido e quando percebermos que eles estão prontos, contaremos.

- Você não tem medo?

- Do seu lado eu não tenho medo de nada! – Ele sorriu e eu fiz o mesmo.

- Eu já disse que te amo hoje?

- Pior que não...

- (risos) Eu te amo.

- E eu muito mais! – Voltei a me aconchegar em seus braços.

- E se eles nunca aceitarem?

- Não pensa nisso, um dia eles aceitam. Eu não me importo com o tempo, desde que esteja do seu lado. Se não a gente foge também! – Ele fez graça.

- (risos) Seu bobo! – Nos beijamos por alguns minutos ali, mas eu não quis demorar muito.

Meu pai poderia desconfiar e ir atrás de mim. Me despedi dele, que iria para casa pelo outro lado e fui correndo pra mim.

Ninguém me perguntou nada quando cheguei, não tinham desconfiado mesmo e eu respirei aliviada por aquilo.

Me joguei na cama e sonhei com ele a noite inteira. Com seu sorriso iluminado, mais por aquele aparelho, por suas covinhas, seus cabelos. Sonhei com o nosso futuro juntos.