Capítulo 26

- É amanhã, amiga! – Amanda gritava no meu ouvido, enquanto eu tentava ver o desenho que passava na tv do meu quarto.

- Amanda, é só uma festinha de fim de ano.

- Festinha? Tem noção? Ano passado não teve, porque aquela bruxa da diretora não quis, mas esse ano vai ter e eu não vejo a hora. Você vai ver como é tudo de bom, os meninos todos lindos...

- Você não pensa em outra coisa? – Lhe olhei fazendo careta e ela riu.

Voltei meus olhos para o desenho.

- Você diz isso, porque já tem o seu lindo e maravilhoso. Já sabe a roupa que vai?

- Não e você?

- Claro que já sei, separei meu vestido há um mês atrás. – Ri dela. – Vou procurar um pra você.

- Não quero!

- Eu vou procurar sim e vou te arrumar toda! – Como eu sabia que não iria fazer diferença, se eu dissesse algo, deixei que fizesse uma bagunça no meu guarda roupas.

Seria o baile de fim de ano da escola, que no ano passado não teve.

No outro dia foi a mesma coisa, Amanda tagarelando no meu ouvido o tempo inteiro e nem com Luan ela deixava eu falar. Desligava meu telefone, quando via seu nome na tela.

Nos arrumamos e oito horas, descemos para sala. Era só para os alunos, nada de pais e eu agradeci por isso. Arrumaria um jeito de “fugir” com o Luan e com meus pais por perto, seria quase impossível.

                                                 - Que lindas! – Meu pai disse.                             

- (risos) Obrigada, pai. Vamos?

- O Luan vai com a gente! – Ele disse e não demorou para Luan entrar.

Estava lindo, com uma calça jeans escura, camisa de botões, branca, tênis, seu cabelo meio grande, perfeitamente arrumado e seu sorriso de aparelho iluminado.

- Já cheguei, tio! – Ele riu.

Fomos o tempo inteiro no carro trocando olhares, ele sorria e eu retribuía, se arriscou até pegar na minha mão, mas eu soltei rápido, com medo que meu pai visse.

Meu pai nos deixou na porta do colégio, seria ali mesmo, e depois de mil recomendações a Luan, para que olhasse eu e Amanda, ele se foi.

A música já tocava e as luzes, já estavam apagadas. Luan pegou na minha mão e eu não me importei, entramos de mãos dadas mesmo, ninguém viu.

Vimos de longe, com dificuldade Fernando, Gustavo e Carla, estava com eles e nos aproximamos. Dessa vez eu soltei a mão, por vergonha mesmo, da Carla, principalmente.

Conversamos muito e até fomos dançar, eu ria do jeito desengonçado dos meninos e das graças que o Fernando fazia. Ele sumiu com Amanda por um tempo e eu já imaginava o que estavam fazendo. Não estavam ficando sério e nem namorando, mas as vezes, eles matavam a saudade, como dizia a minha amiga.

Depois de quase uma hora, que eles voltaram, ela me puxou para um canto, enquanto bebíamos uma bebida sem álcool, me contava que tinha gostado de ficar com ele mais uma vez.

Olhei para trás, por instinto uma hora e vi que Luan conversava com uma menina, do ultimo ano. Ela estava se formando e pareciam bem íntimos, riam bastante também.

- Ciúmes? – Revirei os olhos.

- Para, Amanda! – Ela entendeu e não disse mais nada.

Nos juntamos com os outros mais uma vez e Luan não voltava. Estava gostando mesmo de conversar com a garota, nem minha falta estava sentindo.

Me subiu muita raiva, quando o vi acariciando seus cabelos longos e extremamente pretos.

- É isso mesmo que você quer? – Me assustei com aquela voz, bem próxima do meu ouvido e dei um passo para trás, quando vi que Gustavo estava perto demais.

- Quero o que?

- Continuar com o Luan? Ele é sempre assim, adora agradar todas as meninas, não vai agüentar te namorar, igual não agüentou namorar a Carla. E sem contar, que eu nem sei se um dia vão poder namorar oficialmente.

- Para com isso! Não se mete na minha vida com o Luan. – Me estressei.

- Para de ser tonta, Isabella! Eu amo você e nunca vou te magoar.

- Se me ama, me deixa, então. Eu amo o Luan!

- Você acha que ama ele, com o tempo vai ver que não é nada disso...

- Tem bola de cristal agora? – Revirei os olhos e ri irônica.

- Olha pra mim! – Ele segurou meu rosto com as duas mãos e se aproximou demais.

Mas em questão de segundos ouvi uma voz atrás de mim.

- Algum problema, Gustavo? – O Luan já estava ali.

- Problema nenhum...- Ele tirou as mãos do meu rosto. – E você ? Já resolveu o seu com aquela garota? – Gustavo riu.

- O que você quer dizer com isso? – Luan deu um passo pra frente.

- Parem com isso! Vem Luan...- Tentei o puxar, em vão.

- Não...Deixa ele falar. Eu quero ouvir!

- Você não merece a garota que tem.

- Ninguém te pediu opinião, otário. Eu amo ela e ela me ama, aceita logo! – Luan estava exaltado, como nunca o vi antes.

Essa foi a brecha para Gustavo me empurrar fraco, mas o suficiente para me afastar do Luan e dar um soco nele.

Me desesperei, mas aquilo não se estendeu muito. Fernando logo o puxou para longe dali.

Luan não saiu do lugar, com a mão na boca machucada e o pessoal olhava para ele.

- Vem! – Sai o puxando e quase correndo, para fora dali.

Resolvi que iríamos caminhando mesmo para casa, não era longe.

- Você não deveria ter brigado, Luan! – Eu disse irritada.

- Ele me provocou, você não viu?

- Isso não é explicação, seu pai vai te matar.

- Quem disse que ele vai saber? – Logo chegamos em sua casa.

Entramos de ponta de pé e eu o levei até seu quarto. Peguei gelo e coloquei em sua boca.

Aquilo com certeza ficaria a marca e Luan teria que se virar para dar explicação para seus pais.

Acabou que naquela noite, nós nos amamos em seu quarto, mas tomando cuidado para que ninguém ouvisse nada e já de manhã, fui correndo para o quarto da Bruna, mesmo Luan insistindo para que eu ficasse com ele. Mas sua mãe, deveria pensar que eu dormir com Bruna.

No outro dia, Luan fez o maior teatro e disse para sua mãe que tinha caído no banheiro e tinha machucado sua boca. Ela acreditou naquilo.

Fui para casa e quando abri a porta, meu pai me olhava com uma cara nada boa, que me fez tremer dos pés a cabeça.