domingo, 25 de maio de 2014

Capítulo 34


3 anos depois... (Fevereiro de 2012)

Uma crise de choro me invadiu, no meio da madrugada, onde eu estudava com mais de cinco livros grossos, em cima da cama.
A minha vida se resumia em livros da faculdade, que faltava só um ano para eu completá-la. E eu torcia para que os dias passassem voando.
Já sabia falar tudo em inglês e até pensava que mais alguns anos ali, eu esquecia completamente o português. Ainda tinham um pouco de mágoa, minha mãe nem tanto, mas como sempre, respeitava meu pai, que me tratava friamente e eu já estava ciente de que aquilo seria pelo resto da minha vida, nunca mais ele seria o mesmo. E com a única amiga de verdade, que fiz na faculdade.
No colégio, tinha me dado bem com todos, tinha colegas na faculdade, mas amiga mesmo, era só Helen. Que me animava, ou tentava, todos os dias.
Já sabia minha história de trás pra frente e às vezes até chorava comigo, ela era a garota mais sentimental que já conheci.
Seus pais e seu irmão mais velho, eram brasileiros, ela nasceu ali mesmo em Boston, mas praticava o português com sua família, que não perdeu as origens.
Uma crise de nostalgia me atacou, enquanto as lágrimas caiam dos meus olhos e a chuva do lado de fora da janela, apesar da noite linda e da claridade perfeita que a lua cheia trazia a sacada do meu quarto.
Passei mal por dias assim que cheguei na república. Eles ligavam para meus pais, que diziam que não era nada. Meu pai estava irritado com aquilo, eu ouvia a conversa de dona Estela com ele, atrás da porta. Com certeza sabia que era falta de Luan.
Ia pra escola do mesmo jeito e às vezes passava tão mal, a ponto de enxergar tudo embaçado no quadro e às vezes pensava que iria desmaiar a qualquer momento.
Depois de duas semanas daquele jeito, dona Estela não agüentou aquela situação e me levou para um hospital e só de lá, ligou para meus pais avisando.
Eu chorava sem parar, estava com um medo também, fora do comum.
O médico parecia um pouco assustado comigo e pediu alguns exames.
Até que depois de um dia, fui liberada dali e quando cheguei em casa, me sentei para conversar com dona Estela.
- Isa...Você não pode continuar desse jeito. O doutor disse que pode ser um início de depressão. Ainda é muito novinha... – Ela falava de uma maneira tão terna.
- Eu não consigo. É mais forte que eu ! Eu preciso dele aqui, perto de mim...
- Você vai encontrar alguém, mas se for pra ser com ele, pode ter certeza que se encontrarão no futuro. – Voltei a chorar desesperadamente e fui amparada por um abraço materno daquela senhora, que tinha um olhar muito preocupado.
Escutei ela falando com meu pai mais uma vez naquela noite e como estava no alto falante, ouvia tudo que ele falava.
Dizia que aquilo era coisa de adolescente mimada, que não era para ela ligar e que logo passava. Disse que era pra continuar com suas regras, de me fazer estudar muito e não me deixar sair, quando ela alegou que se eu saísse um pouquinho para tomar um ar, talvez pudesse ficar melhor.
Voltei pro quarto correndo e chorei, como todos os dias. Meu pai nunca iria me entender. Ele não via que eu estava sofrendo de verdade, ou não se importava, o que eu não queria acreditar.
Me assustei com um trovão no céu e estremeci.
Olhei para os livros no meu colo e suspirei, antes de limpar minhas lágrimas e voltar a lê-los. Ainda bem que eu me desligava de tudo, quando lia cada livro.
E apesar do meu pai quase me forçar a tudo aquilo, era aquela profissão que eu realmente queria pra mim.
No começo acreditava que Luan iria me buscar algum dia, mas depois entendi que aquilo não era mais possível e que apesar de tudo, eu realmente não poderia largar assim meus estudos. Eu tinha que ter como viver.
Era a aluna mais esforçada da sala de aula, era assim que eu preferia pensar, menos os professores e a diretora, que cismavam em dizer que eu era a mais inteligente. Todos, só por estarem ali, já eram inteligentes o bastante.
Tirava só notas altas e meu pai não permitia que caísse nenhum décimo se quer.
Já me deu um tapa na cara uma vez, por eu ter ficado doente, ter faltado à faculdade por uma semana e ter ficado quase na média. Ele pensava que aquilo era à volta, de uma “depressão” que o médio, um dia disse que eu tive.
E apesar de tudo, eu não acreditava, faltava pouco sim para aquilo acontecer, eu estava muito abatida.  Mas não estava com depressão, eu sabia a diferença em estar triste e com depressão. Pode não parecer, mas é bem diferente uma coisa da outra.
Naquele dia, ele cismou que eu estava voltando a pensar em Luan e por isso me bateu, como dá ultima vez, quando adolescente. A diferença, foi que não ficou marcas.
Acordei morrendo de sono no outro dia, era todo dia daquele jeito.
Estudava demais na madrugada e já tinha que ir pela manhã para a faculdade. Aliás, eu estudava o dia todo, sem exceção de segundos.
Encontrei com minha amiga no portão, ia a pé mesmo todos os dias, já que era bem perto da minha casa. Caminhava apenas alguns minutos. Poucos.
- Amiga, é hoje! – Ela sorria contente, enquanto me abraçava.
Helen, faria uma pequena comemoração de seu aniversário de vinte anos, em um restaurante. Ela era um pouco mais nova que eu, mas era adiantada na escola, conseqüentemente, na faculdade.
- É verdade, meu amor. Parabéns! – Ela vestia seu casaquinho rosa chok, sua blusinha rosa bebê, sua calça branca e seu scarpin, de ponta redonda, bege.
Era bem rica e só usava esse estilo, sempre com um rosa no meio. As pessoas lhe chamavam de patricinha, na língua deles, mas chamavam. Mas ela não se importava, eu sabia também que não era nada daquilo que falavam, alguns tinham era inveja por ela ser linda, inteligente, extrovertida, simpática e bem de vida.
No começo tive receio de me aproximar, exatamente por falarem “coisas” de Helen, mas depois, criei coragem e eu puxei assunto. E assim ela se soltou e viramos grandes amigas. Ela também se dava bem com muita gente dali, as que não falavam dela, alguns eram falsos e se aproximavam e depois falavam mal, mas dizia ela que lhe faltava uma amiga de verdade, ou seja: Eu.
Estávamos combinando a comemoração de seu aniversário há um mês e ela estava muito feliz.
O meu seria no outro mês e ela também já programava as coisas. Tagarelava no meu ouvido, depois da nossa aula. Morava perto de mim e voltávamos juntas para casa. Mas íamos separadas e eu nem entendia o porque.
- Você tem que ganhar um celular nesse aniversário. – Helen fez careta e eu ri.
- Meu pai prometeu... – Sorri confiante.
Meu pai era muito duro, e se eu não o amasse tanto e se não acreditasse tanto em seu amor por mim, poderia acreditar que estava vivendo em uma prisão, na minha própria casa.
Ele não deixava eu sair de verdade, muito mal ia à padaria comprar pão. Não tinha acesso a celular e muito menos computador, nenhuma rede social.
Fui uma vez só na casa de Helen, por seu pai ter ido à minha casa e implorado.
Eu o respeitava e minha amiga, me chamava de boba, afinal já iria fazer 21 anos. Mas eu o respeitava mesmo como uma menina de 15. Morava com eles, dependia deles pra praticamente tudo. Eu não tinha noção da vida sozinha, não poderia o desafiar e correr o risco de ser mandada embora de casa e ficar perdida no mundo.
Mas já estava com alguns planos na cabeça, que em um ano, já seriam realizados.
Só faltava aquilo para eu me formar. Quatro anos de faculdade concluídos. Valia a pena estudar triplicado.
Naquele dia, entreguei meu boletim para o meu pai, mas para minha surpresa, em uma matéria, tinha caído dois pontos meus. Eu não tinha o aberto, lhe entreguei fechado e confiante, que estaria tudo certo, como em todos os bimestres, mas não foi isso que aconteceu.
Mesmo a nota continuando alta, eu levei um castigo. Ele não me deixou ir a comemoração de aniversário da minha amiga, o que me causou choros.
Lhe implorei, já que tinha prometido e disse que minha nota, mesmo caindo dois pontos, ainda estava alta e a maior da turma. Só a matéria que tinha complicado um pouco e todos tinham abaixado suas notas.
Mas não adiantou, e ainda por conta da minha insistência, disse que não me daria mais um celular de presente de aniversário.
Liguei para Helen contando tudo e chorando. Pelo telefone fixo da casa.
Era sem fio e eu o levei para o meu quarto e me deitei na cama.
Minha amiga ficou tão triste quanto eu, pediu para falar com meu pai, mas de nada adiantou e no final, só disse que cancelaria tudo.

5 comentários:

  1. A Isa tem que ser independente poxa ;/ já é de maior :(
    -Stephanie-

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  2. Esse pai da Isa ta mim irritando
    @_vick_brito

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  3. Lagrimas é o que tem e muito nos meus olhos! Esse cara tá merecendo apanhar e muito e morrer tbm! Meu emocional tá muitooo mexido pelo amor de Deus continuaaa!

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  4. Eu to amando ,esse homem tem que morrer fazer isso com a filha ela ta vivendo numa prisao e longe da pessoa que ela ama
    Continuuuaaa
    Erika

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  5. Manoela Ribeiro, eu acho bom vc matar esse pai da Isa, é serio cara, fio da mainha, esse puto merece sofrer até o ultimo dia da vida dele u.u To revolts.
    Pera... eu vi bem o nome HELEN nesse cap? Oooh *----------------* Eu vi, eu vi.
    @vemnemimluan

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