3 anos
depois... (Fevereiro de 2012)
Uma crise de choro me
invadiu, no meio da madrugada, onde eu estudava com mais de cinco livros
grossos, em cima da cama.
A minha vida se resumia em
livros da faculdade, que faltava só um ano para eu completá-la. E eu torcia
para que os dias passassem voando.
Já sabia falar tudo em inglês
e até pensava que mais alguns anos ali, eu esquecia completamente o português.
Ainda tinham um pouco de mágoa, minha mãe nem tanto, mas como sempre,
respeitava meu pai, que me tratava friamente e eu já estava ciente de que
aquilo seria pelo resto da minha vida, nunca mais ele seria o mesmo. E com a
única amiga de verdade, que fiz na faculdade.
No colégio, tinha me dado bem
com todos, tinha colegas na faculdade, mas amiga mesmo, era só Helen. Que me
animava, ou tentava, todos os dias.
Já sabia minha história de
trás pra frente e às vezes até chorava comigo, ela era a garota mais
sentimental que já conheci.
Seus pais e seu irmão mais
velho, eram brasileiros, ela nasceu ali mesmo em Boston, mas praticava o
português com sua família, que não perdeu as origens.
Uma crise de nostalgia me
atacou, enquanto as lágrimas caiam dos meus olhos e a chuva do lado de fora da
janela, apesar da noite linda e da claridade perfeita que a lua cheia trazia a
sacada do meu quarto.
Passei mal por
dias assim que cheguei na república. Eles ligavam para meus pais, que diziam
que não era nada. Meu pai estava irritado com aquilo, eu ouvia a conversa de
dona Estela com ele, atrás da porta. Com certeza sabia que era falta de Luan.
Ia pra escola
do mesmo jeito e às vezes passava tão mal, a ponto de enxergar tudo embaçado no
quadro e às vezes pensava que iria desmaiar a qualquer momento.
Depois de duas
semanas daquele jeito, dona Estela não agüentou aquela situação e me levou para
um hospital e só de lá, ligou para meus pais avisando.
Eu chorava sem
parar, estava com um medo também, fora do comum.
O médico
parecia um pouco assustado comigo e pediu alguns exames.
Até que depois
de um dia, fui liberada dali e quando cheguei em casa, me sentei para conversar
com dona Estela.
- Isa...Você
não pode continuar desse jeito. O doutor disse que pode ser um início de
depressão. Ainda é muito novinha... – Ela falava de uma maneira tão terna.
- Eu não
consigo. É mais forte que eu ! Eu preciso dele aqui, perto de mim...
- Você vai
encontrar alguém, mas se for pra ser com ele, pode ter certeza que se
encontrarão no futuro. – Voltei a chorar desesperadamente e fui amparada por um
abraço materno daquela senhora, que tinha um olhar muito preocupado.
Escutei ela
falando com meu pai mais uma vez naquela noite e como estava no alto falante,
ouvia tudo que ele falava.
Dizia que
aquilo era coisa de adolescente mimada, que não era para ela ligar e que logo
passava. Disse que era pra continuar com suas regras, de me fazer estudar muito
e não me deixar sair, quando ela alegou que se eu saísse um pouquinho para
tomar um ar, talvez pudesse ficar melhor.
Voltei pro
quarto correndo e chorei, como todos os dias. Meu pai nunca iria me entender.
Ele não via que eu estava sofrendo de verdade, ou não se importava, o que eu
não queria acreditar.
Me assustei com um trovão no
céu e estremeci.
Olhei para os livros no meu
colo e suspirei, antes de limpar minhas lágrimas e voltar a lê-los. Ainda bem
que eu me desligava de tudo, quando lia cada livro.
E apesar do meu pai quase me
forçar a tudo aquilo, era aquela profissão que eu realmente queria pra mim.
No começo acreditava que Luan
iria me buscar algum dia, mas depois entendi que aquilo não era mais possível e
que apesar de tudo, eu realmente não poderia largar assim meus estudos. Eu
tinha que ter como viver.
Era a aluna mais esforçada da
sala de aula, era assim que eu preferia pensar, menos os professores e a diretora,
que cismavam em dizer que eu era a mais inteligente. Todos, só por estarem ali,
já eram inteligentes o bastante.
Tirava só notas altas e meu
pai não permitia que caísse nenhum décimo se quer.
Já me deu um tapa na cara uma
vez, por eu ter ficado doente, ter faltado à faculdade por uma semana e ter
ficado quase na média. Ele pensava que aquilo era à volta, de uma “depressão”
que o médio, um dia disse que eu tive.
E apesar de tudo, eu não
acreditava, faltava pouco sim para aquilo acontecer, eu estava muito
abatida. Mas não estava com depressão,
eu sabia a diferença em estar triste e com depressão. Pode não parecer, mas é
bem diferente uma coisa da outra.
Naquele dia, ele cismou que
eu estava voltando a pensar em Luan e por isso me bateu, como dá ultima vez,
quando adolescente. A diferença, foi que não ficou marcas.
Acordei morrendo de sono no
outro dia, era todo dia daquele jeito.
Estudava demais na madrugada
e já tinha que ir pela manhã para a faculdade. Aliás, eu estudava o dia todo,
sem exceção de segundos.
Encontrei com minha amiga no
portão, ia a pé mesmo todos os dias, já que era bem perto da minha casa.
Caminhava apenas alguns minutos. Poucos.
- Amiga, é hoje! – Ela sorria
contente, enquanto me abraçava.
Helen, faria uma pequena
comemoração de seu aniversário de vinte anos, em um restaurante. Ela era um
pouco mais nova que eu, mas era adiantada na escola, conseqüentemente, na
faculdade.
- É verdade, meu amor.
Parabéns! – Ela vestia seu casaquinho rosa chok, sua blusinha rosa bebê, sua
calça branca e seu scarpin, de ponta redonda, bege.
Era bem rica e só usava esse
estilo, sempre com um rosa no meio. As pessoas lhe chamavam de patricinha, na
língua deles, mas chamavam. Mas ela não se importava, eu sabia também que não
era nada daquilo que falavam, alguns tinham era inveja por ela ser linda,
inteligente, extrovertida, simpática e bem de vida.
No começo tive receio de me
aproximar, exatamente por falarem “coisas” de Helen, mas depois, criei coragem
e eu puxei assunto. E assim ela se soltou e viramos grandes amigas. Ela também se
dava bem com muita gente dali, as que não falavam dela, alguns eram falsos e se
aproximavam e depois falavam mal, mas dizia ela que lhe faltava uma amiga de
verdade, ou seja: Eu.
Estávamos combinando a
comemoração de seu aniversário há um mês e ela estava muito feliz.
O meu seria no outro mês e
ela também já programava as coisas. Tagarelava no meu ouvido, depois da nossa
aula. Morava perto de mim e voltávamos juntas para casa. Mas íamos separadas e
eu nem entendia o porque.
- Você tem que ganhar um
celular nesse aniversário. – Helen fez careta e eu ri.
- Meu pai prometeu... – Sorri
confiante.
Meu pai era muito duro, e se
eu não o amasse tanto e se não acreditasse tanto em seu amor por mim, poderia
acreditar que estava vivendo em uma prisão, na minha própria casa.
Ele não deixava eu sair de
verdade, muito mal ia à padaria comprar pão. Não tinha acesso a celular e muito
menos computador, nenhuma rede social.
Fui uma vez só na casa de Helen,
por seu pai ter ido à minha casa e implorado.
Eu o respeitava e minha
amiga, me chamava de boba, afinal já iria fazer 21 anos. Mas eu o respeitava
mesmo como uma menina de 15. Morava com eles, dependia deles pra praticamente
tudo. Eu não tinha noção da vida sozinha, não poderia o desafiar e correr o
risco de ser mandada embora de casa e ficar perdida no mundo.
Mas já estava com alguns
planos na cabeça, que em um ano, já seriam realizados.
Só faltava aquilo para eu me
formar. Quatro anos de faculdade concluídos. Valia a pena estudar triplicado.
Naquele dia, entreguei meu
boletim para o meu pai, mas para minha surpresa, em uma matéria, tinha caído
dois pontos meus. Eu não tinha o aberto, lhe entreguei fechado e confiante, que
estaria tudo certo, como em todos os bimestres, mas não foi isso que aconteceu.
Mesmo a nota continuando
alta, eu levei um castigo. Ele não me deixou ir a comemoração de aniversário da
minha amiga, o que me causou choros.
Lhe implorei, já que tinha
prometido e disse que minha nota, mesmo caindo dois pontos, ainda estava alta e
a maior da turma. Só a matéria que tinha complicado um pouco e todos tinham
abaixado suas notas.
Mas não adiantou, e ainda por
conta da minha insistência, disse que não me daria mais um celular de presente
de aniversário.
Liguei para Helen contando
tudo e chorando. Pelo telefone fixo da casa.
Era sem fio e eu o levei para
o meu quarto e me deitei na cama.
Minha amiga ficou tão triste quanto
eu, pediu para falar com meu pai, mas de nada adiantou e no final, só disse que
cancelaria tudo.
A Isa tem que ser independente poxa ;/ já é de maior :(
ResponderExcluir-Stephanie-
Esse pai da Isa ta mim irritando
ResponderExcluir@_vick_brito
Lagrimas é o que tem e muito nos meus olhos! Esse cara tá merecendo apanhar e muito e morrer tbm! Meu emocional tá muitooo mexido pelo amor de Deus continuaaa!
ResponderExcluirEu to amando ,esse homem tem que morrer fazer isso com a filha ela ta vivendo numa prisao e longe da pessoa que ela ama
ResponderExcluirContinuuuaaa
Erika
Manoela Ribeiro, eu acho bom vc matar esse pai da Isa, é serio cara, fio da mainha, esse puto merece sofrer até o ultimo dia da vida dele u.u To revolts.
ResponderExcluirPera... eu vi bem o nome HELEN nesse cap? Oooh *----------------* Eu vi, eu vi.
@vemnemimluan