quinta-feira, 22 de maio de 2014

Capítulo 31


A semana se passou e eu me sentia em um presídio, dentro da minha própria casa.
Eu não estava indo na escola, por ordem do meu pai. Não saia do quarto e até minha comida, minha mãe levava até lá.
Ouvia vez ou outra, vozes deles conversando e eu confesso que estava ficando com medo dos “planos” do meu pai.
Discuti com ele feio, um dia e aquilo não me resultou em outra coisa, a não ser, levar mais uma surra.
- EU AMO O LUAN E O SENHOR NÃO VAI FAZER ISSO MUDAR ME BATENDO! – Eu gritava desesperada e chorando, mesmo pensando que não tinha mais lágrimas para cair dos meus olhos.
Mas era engano meu, tinha e muita lágrima ali ainda.
- PARA DE ME PROVOCAR, ISABELLA! – Meu pai, que já saia do meu quarto, voltou novamente com seu famoso cinto na mão, que eu já conhecia bem.
Dei um passo para trás um pouco arrependida por ter dito aquilo, mas ele tinha que saber o que estava entalado na minha garganta.
Senti minhas costas se encostar na parede e o olhar furioso do meu pai em cima de mim.
Ele voltou a me bater e dessa vez, parecia não querer parar nunca mais.
Por um momento, pensei que morreria de tanta surra que estava levando.
Cai de costas pra cama, e mesmo sem força, ainda fui tentar me levantar e me defender, mas foi pior. A fivela do cinto, bateu no meu rosto que ardeu na hora e eu senti o sangue escorrer do canto do meu olho. Ele não batia no meu rosto, o local que ainda estava sem nenhuma marca, agora já estava preenchido.

*

Estávamos jantando, quando Bruna chegou correndo com uma amiga, assustando eu e meus pais, que também jantavam.
- Pai...- Ela dizia ofegante.
- O que foi, Bruna? – Ele se assustou.
- A tia Lili, mandou te chamar...O tio Alex tá batendo na Isa, ela tá gritando, chorando... – A minha irmã estava assustada e eu me levantei na hora.
- Onde você estava? – Minha mãe disse.
- Passeando na calçada com a Andressa, dá pra ouvir os gritos dela dali da frente. A tia tava nervosa, me viu ali e disse pra eu chamar o pai.
- Fiquem aqui... – Meu pai se levantou.
- Eu vou junto, pai. – Me manifestei.
- Você fica, Luan. – Ele me olhou sério, bufei.
Sabia que não daria para discuti.
Foram os minutos que esperei, mais angustiantes de toda a minha vida.

*

Eu já estava perdendo as esperanças do meu pai um dia parar de me bater, quando ouvi uma voz alta e tirei minhas mãos, que estavam em meu rosto, para olhar.
- Você está doido, Alex? – Meu tio, segurava o braço do meu pai com uma mão e a outra, segurava seu cinto, que ele ainda não soltava.
- Me solta, Amarildo. Eu não estou doido e ela é minha filha, sei como devo educá-la. – Ele tentava se soltar.
- Sabe mesmo? Você vai matá-la desse jeito, é isso que quer? – E finalmente depois de alguns segundos em silêncio, ele visivelmente se acalmou.
Soltou o cinto na mão do meu tio e saiu dali. Comecei a chorar e novamente com as mãos no rosto.
Senti uns braços em volta do meu corpo.
- Vai ficar tudo bem, minha filha. – Meu tio sussurrou, me deu um beijo na testa, antes de sair dali.
Ainda ouvi vozes deles. Meu tio dizia para ele não me bater mais, disse tanta coisa, que eu não entendi a metade.
Minha mãe foi até o meu quarto, ver como eu estava. Depois de ver meus ferimentos, os limpou e fez um curativo, no canto do meu olho esquerdo, que ainda queimava.
Tomei um banho quente e demorado, coloquei o pijama mais quente que eu tinha e me encolhi de baixo do edredom novo, que minha mãe tinha colocado na cama.
Ela não tinha dito uma palavra e aquilo também me machucava, mas eu sabia que ela era apaixonada pelo meu pai o bastante, para concordar com todas suas “loucuras.”
Ela se rendia a ele fácil, que tinha como ameaça, o divórcio.
Depois que meu corpo conseguiu relaxar um pouco, meus olhos finalmente se fecharam, entre as dores que eu ainda sentia.

*

Meu pai voltou suspirando da casa da Isabella e se sentou do meu lado.
Minha mãe tinha ido colocar Bruna e sua colega, que estava ali, para dormirem.
- O que foi lá? – Eu perguntei e ouvimos passos.
Minha mãe desceu as escadas e se sentou do outro lado dele.
- Ele quase matou a garota, de tanto bater. Ela tá toda machucada! – Meu coração pesou, quando ouvi aquelas palavras, meu psicológico, minha culpa, tudo pesou.
- Não acredito...Tudo isso porque...
- Porque vocês foram dois irresponsáveis. Por que não conseguiram conviver como primos normais? Nada disso teria acontecido.
- Pai...A gente se ama. Acredita por favor! Não escolhemos isso, foi Deus quem escolheu.
- Luan, mesmo que vocês se gostem, eu até acredito. – Minha mãe começou. – Mas primeiro, ainda são muito jovens, tem a vida toda pra viver e segundo...Deviam ter pensado nas conseqüências.
- Vocês estão sendo injustos...
- Você que está sendo injusto, Luan. Você e Isabella fizeram a discórdia, você e ela me fizeram brigar com o meu irmão, que eu nunca tinha discutido, desde garoto. Por ele dizer, que eu não sei educar o meu filho que seduziu até a filha dele e que deveria te dar uma boa surra também... – Arregalei os olhos. – Mas é claro que eu não vou fazer isso e é exatamente por isso, que discutimos. Mas vocês vão parar com isso, eu também não quero que fiquem juntos. Isso não tem cabimento! – Ele se levantou do sofá e subiu as escadas batendo os pés.
- Mãe... – Supliquei, olhando para minha mãe.
- Nem vem. Eu não vou contrariar o seu pai e é errado sim, são primos de primeiro grau. Eu considero Isabella como uma filha e seu tio te considerava como um filho, que ele nunca teve e nem pode ter. Esqueci isso! Daqui a pouco aparece outra garota na sua vida e outro garoto na vida da Isabella.
- A gente pode se afastar, mãe. Vocês podem ser contra, mas nada disso vai tirar dos nossos corações o que sentimos um pelo outro. – Fui para o meu quarto correndo, sem olhar para trás.
Chorei antes de dormir, por ter ouvido aquilo dos meus pais, por imaginar que nunca poderíamos ficar juntos e pela minha Isa. Que estava machucada, literalmente, em sua casa.
Eu queria está abraçando ela forte naquele momento, mas eu não podia.

9 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada por me fazer chorar de novo dona Manoela... kkkkkkkkkkkkkkkkk
    Quero o pai da Isa preso, ANDA, VAMO.
    Manuzinha amanhã é meu aniversário, QUE TAL VC DEDICAR CAPÍTULO PRA MIM???? :D
    Bjs!
    @vemnemimluan

    ResponderExcluir
  3. Esse Alex é um cavalo mesmo :( kkk'
    Manu posta maaais ♥
    -Stephanie-

    ResponderExcluir
  4. Que tipo de pai faz isso com a filha..
    @HellenAraujooh

    ResponderExcluir
  5. Nossa cara q pai é esse? se eu fosse o Luan eu denuciava ele
    @_vick_brito

    ResponderExcluir
  6. nossa cara o pai da Isa extrapolou, o que é isso?
    ele quase matou a filha de tanta porrada mds quanta ignorância...
    se eu fosse a Isa fugia de casa pq um pai desses sinceramente é um maníaco e perto dele ela e o Luan nunca conseguirão viver oque tanto sonham
    maisssss
    @lightlrds

    ResponderExcluir
  7. Que isso :0 to com mais raiva da mae da Isa td bem q ela ama ele mais o amor pelo filho sempre veem em primeiro lugar

    ResponderExcluir
  8. eu concordo com a raylana, a isa devia fugir de casa. Um pai desses nem de graça alguem quer... ta doido, cara maníaco.
    continuaaaa?
    bjos

    ResponderExcluir
  9. Chorei de novo cr ... Poxa, tadinha da Isa, o Lu podia ganhar mais dinheiro em shoow's e fugir com ela ;//

    ResponderExcluir