Capítulo 28

- Namorar?

- É...Você aceita?

- Claro que eu aceito, meu amor. – Sorri e lhe abracei forte.

Luan riu e me afastou dele, me dando um longo beijo em seguida.

Ficamos ali mais uma hora, era o tempo que nos restava, já que nossas mães pensavam que estávamos em aula.

Nós ali, naquela praça, parecíamos mesmo um casal qualquer, apaixonado e que não tinha nenhum problema a enfrentar, que poderíamos realmente sermos felizes.

Estava tão feliz naquele dia, que até meu pai, que era tão desligado quanto o Luan, notou, mas eu disse que não era nada, claro.

As vezes eu brincava com ele, dizendo que o meu pai parecia ser dele e o dele, ser meu. Eles eram muito parecidos tanto no jeito, no modo desligado, quanto na aparência. Sim, sempre disseram que o Luan se parecia mais com o meu pai, do que eu mesma, mas eu sempre achei que eu parecia muito mais com meu pai.

Quando saíamos os três, para comprar alguma coisa no mercado, confesso que me decepcionava quando ouvia algum amigo do meu pai, lhe perguntar se éramos filhos dele. Doía em mim, ouvir que o menino que eu amava, que eu já planeja um futuro para nós, fosse confundido com um irmão meu.

Luan percebia meu olhar sempre que isso acontecia, porque não foi só uma vez, foram várias, e depois, como um ótimo namorado, me consolava quando estávamos a sós.

Fazia gracinhas, para ver se eu sorria e até brincava, dizendo que não achava que tinha alguma coisa a ver com meu pai ou comigo, que éramos completamente diferentes.

Claro que eu via que aquilo não era verdade, dava pra ver que éramos sim uma família, mas no final, eu não me importava mais, esquecia aquilo tudo e curtia meu namorado.

Era tão bom chamá-lo desse jeito, logo eu, que só me imaginei namorando depois dos dezoito anos, me apaixonei tão cedo e eu não diria pela pessoa errada, pois Luan, foi o garoto, o menino, o homem, mais carinhoso que já conheci. Ele sabia me preencher, me fazer rir, sabia todos os meus defeitos e minhas qualidades.

Sempre que estávamos na “nossa” praça, aproveitávamos para fazermos perguntas bobas um para o outro. Bobas para alguns, mas para nós era muito.

- Qual sua cor predileta? – Luan me perguntava.

- Rosa e a sua? – Ele fez careta.

- Vermelho!

- Hum...Pra onde você sonha em viajar?

- Nossa, ainda tenho que escolher, pra tantos lugares...- Rimos. – Mas e você?

- Cancun.

- Lá deve ser lindo mesmo, quem sabe não vamos um dia?

- Eu só vou se for com você! – Ri.

- Então tá, promete?

- (risos) Eu prometo! – E selamos aquele “pacto” com um beijo, maravilhoso.

Estava voltando para casa, depois de mais um dia chato de escola.

Luan tinha faltado pela terceira vez, só naquela semana, por conta de seus compromissos, ensaios e shows. Por um lado eu estava um pouco triste, por ser acostumada com ele por perto, a hora que eu quisesse, mas eu via que ele estava feliz demais, realizando seu grande sonho.

- Olá, Isa. – Olhei para frente, e reconheci aquela voz insuportável.

- Você não cansa de me atormentar, garota? – Falei para Bianca, que tinha um sorrisinho no rosto, que me irritava.

- A partir de hoje, eu não te atormento mais, juro! – Estreitei os olhos.

- Vai se mudar é? – Ri irônica.

- Eu não... – Ela fez uma pausa. – Acho que quem vai sair do meu caminho é você.

- O que?

- Sabe dá onde eu estava vindo?

- Não quero saber! – Ia sair andando, mas ela segurou o meu braço.

- Pois eu faço questão de te contar. Estava vindo da sua casa...

- Minha casa? – Parei para encará-la.

- Isso mesmo. Fui lá contar pro seu papaizinho, que a filhinha dele está namorando, e ah! Com o priminho adorado dela.

- Você está mentindo. – Ri de nervoso.

- Não estou! Levei até uma foto que tenho de vocês juntos... – Ela me mostrou uma foto minha e de Luan, nos beijando no banco da praça. – Celular novinho, gostou? – Cínica e maluca.

- Você só pode está delirando.

- Não estou! Vai em frente pra casa e ah! Boa sorte! A cara do seu papai, não foi das melhores. Agora eu juro que nunca mais te atormento. Beijos, Isinha! – E assim ela saiu, me deixando olhando pro nada e com receio, se ela estava ou não , falando a verdade.

Voltei em passos lentos pra casa, eu realmente estava com medo que aquilo fosse verdade.

Meu celular tocou no caminho e eu vi o nome do Luan, mas não quis atender.

Estava bem nervosa e ele iria perceber e eu não tinha certeza que realmente meu pai já estava sabendo de tudo.

Confesso que nem pra casa eu quis mais ir, queria ir para um lugar e nunca mais voltar para casa, queria adiar aquele dia. Mas ao mesmo tempo, eu tinha curiosidade.

Curiosidade de saber se meus pais já sabiam de tudo, ou não, como eles estavam naquele momento e se já soubessem, qual seria a reação dos dois.

Eu não tinha a mínima idéia da reação dos dois, nem se fosse um namorado qualquer.

Eles nunca tinham parado para conversar comigo sobre namoro, beijo na boca, sexo, nada.

Mesmo eu com os meus 16 anos, prestes a completar 17, eles não falavam nada.

Na verdade, da parte do meu pai tinha receio e medo, as vezes ele demonstrava que queria que eu fosse sua “menininha” pra sempre e dá minha mãe, não sei.

Mas ela sempre disse que não queria um futuro para mim igual o dela, não que ela fosse infeliz, mas ela não realizou todos seus sonhos, por ter engravidado muito nova e dizia ela, que não queria aquilo pra mim, de jeito nenhum.

Eu também tinha medo de decepcioná-los, mas não era perfeita igual pensavam.

As vezes eu tinha a impressão que achavam que eu era uma menina perfeita, inteligente, que se casaria virgem, e que nunca cometeria um erro na vida.

Aquilo me assustava bastante e de certo modo, me colocava bastante pressão.

Meus pensamentos foram embora, depois de quase vinte minutos que levei, para estar na frente da minha casa.

Vi que realmente o carro do meu pai, estava parado na frente de casa, o que era uma raridade, naquela hora, em dias normais.

Respirei todo o ar que pude e fechei os olhos, antes de abrir a porta de entrada.