Capítulo 18

- E por que não? Quem é você?  - Ela falou de um jeito tão irritante, que eu fiquei com mais raiva ainda.

- Porque...Não!

- Isabella... – Luan se levantou e eu o olhei com raiva.

- O que foi? Vai aceitar a “proposta” dela, é? – Cruzei os braços e o encarei séria.

- O que você é dele, pra dar esse chilique todo? – Ela se levantou e ficou na minha frente.

- A Isabella é minha prima, Bianca. Por isso tem ciúmes e eu...Não posso ficar com você, tenho...Namorada! – Luan falou completamente sem jeito e eu a encarei com o sorrisinho de canto.

- E quem é ela? Sempre te vejo só com seus amigos.

- É...Não mora aqui! – Ele demorou alguns segundos, mas saiu.

- Entendi. – Ela não parecia acreditar muito. – Não deixa sua prima cuidar tanto da sua vida assim, Luan. – Falou antes de sair e eu juro que quis ir atrás dela, mas me segurei.

- Você tá doida? Quer que todo mundo descobre que temos algo? – Luan me repreendeu.

- Você ia ficar com ela ? Porque se quiser, vá em frente.

- É claro que não, Isabella. Mas você não pode fazer isso, ou quer que todos saibam que estamos juntos?

- Não quero!

- Então...

- Tá bem, me desculpa! – Suspirei. – Eu ...

- Ficou com ciúmes?

- Não, também não é assim.

- Confessa logo, que você gosta de mim tanto quanto eu gosto de você e estava morrendo de medo e ciúmes que eu ficasse com a Bia. – Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, o sinal para voltarem do recreio tocou.

O pessoal começou a chegar e nós nos sentamos em nossos lugares, mas nossos olhares não se desencontraram em nenhum segundo.

Fiquei área o resto da aula e completamente confusa.

Fomos embora em silêncio o caminho inteiro e quando eu cheguei em casa, me joguei na cama.

Pensei tanto e resolvi aceitar e assumir pra mim mesma, que tudo que ele falava era verdade.

Eu estava mesmo gostando do meu primo, e não como um primo qualquer, ou um amigo, mas sim como um homem, se é que ele já era um homem e eu uma mulher para sentir aquilo.

Tá, nós só éramos dois adolescentes, mas com sentimentos de adultos.

No outro dia, resolvi ignorar o Luan a aula inteira, eu queria ficar um pouco longe dele, pra poder aceitar aquilo tudo que eu estava sentindo.

Fui mais cedo para a escola e ele chegou atrasado e me olhava estranho.

Fizemos um dever em dupla e eu me sentei com Gustavo, o que fez Luan me olhar em dúvida e ao mesmo tempo um pouco com raiva.

Na hora do recreio, sai rápido com Amanda, antes que ele me chamasse para conversar.

Comemos e depois fomos nos sentar na arquibancada da quadra, alguns meninos jogavam bola.

Gustavo, que estava entre eles, se aproximou e Fernando chamou Amanda para lhe falar algo, ficamos sozinhos, ele se sentou do meu lado.

- Está tudo bem? Está estranha hoje... – Puxava assunto.

- Está tudo ótimo! – Sorri.

- Você nunca faz deveres comigo, sempre com o Luan. – Ele fez careta. – Mas eu gostei!

- É... – Ri fraco e sem jeito.

- Estão brigados?

- Não! – Falei firme.

Desviei de seu olhar e ele entendeu que eu não queria falar sobre aquilo.

- Vocês continuam ficando? – Ele me perguntou sem jeito.

- É...Eu não sei, Gustavo.

- Acha que seus pais não iriam brigar se soubessem? – Arregalei os olhos e o olhei. – Calma! Não vou contar.

- Isso é só uma fase... – E assim mudei o rumo daquela conversa.

Ele começou a me contar coisas engraçadas e eu ria alto.

Até que em uma hora, se aproximou demais de mim, e eu parei de ri.

Eu estava apavorada com o que ele podia fazer ou falar. Acariciou meu rosto, mas antes de alguma coisa acontecer, escutei a voz do Luan.

- Isabella, quero falar com você. Vem aqui, por favor? – Ele dizia sério, então sem questionar, desci correndo e o acompanhei até a sala, que estava vazia. – O que foi isso, que eu acabei de ver?

- O que?

- Você sabe muito bem. O Gustavo quase te beijou...

- Eu não ia deixar.

- Sei!

- Se eu dei minha palavra que ficaria só com você, eu vou cumprir.

- Por que tá tão estranha assim?

- Quero um tempo só pra mim.

- Só pra você mesmo ? Por que colou tanto nele a aula inteira?

- Para com esse assunto, ele é tão seu amigo, quanto meu.

- Não sei se é mais tão meu amigo.

- Luan...

- Isabella, decide o que você quer. Você não pode ficar nessa pra sempre.

Eu tenho sentimentos, sabia ? Enquanto você está ai tentando se entender, eu estou sofrendo. – Ele falou de um modo duro comigo, que eu nunca tinha o visto falar antes.

- Por que está dizendo essas coisas?

- Porque é a verdade! Decidi a sua vida, se não eu parto pra outra.

- Pra outra quem? A Bianca? Você quer ficar com ela ? Que fique, Luan! – Me estressei.

- Não é nada disso...

- Tenho certeza que sim. Quer saber? Não quero mais nada com você e mesmo se quisesse, isso nunca iria acontecer. Somos só dois adolescentes e criados quase como irmãos, somos primos de primeiro grau.

- Você sempre com essa conversa! – Ele revirou os olhos. – Se quer assim... – Ele falou com uma naturalidade, que me deixou com raiva.

- Ótimo! – Bufei. – Pra quem dizia que gostava de verdade de mim...

- Não fala do que você não sabe. Você não sabe dos meus sentimentos, não sabe nem dos seus. – O sinal para voltar a aula, mais uma vez, nos interrompeu.

Não prestei a atenção mais uma vez na aula e na quinta aula, pedi para ir embora, que estava com dor de cabeça.

A professora me indicou a diretoria e eu guardei minhas coisas, saí da sala com lágrimas nos olhos e alegando que era por causa da dor. Luan continuava me olhando daquele jeito estranho que eu estava odiando.

Minha mãe ficou preocupada quando eu cheguei, mas eu disse que um banho e um bom sono, resolveria a situação e assim eu fiz.