Capítulo 24

- Luan? O que...

- Eu sabia que tinha alguma coisa ai. Por que não me disse, Isabella?

- Vou deixar vocês conversarem! – Amanda se foi e eu me sentei do lado dela, que secava suas lágrimas.

- Me diz tudo? – Eu falei mais calmo e peguei sua mão.

- É isso mesmo que você ouviu. Ela me ameaçou no banheiro da escola.

- Você devia ter me contado, estamos juntos nessa, esqueceu? – Apertei sua mão.

- Me desculpa, mas...Eu não quero te prejudicar.

- Você também seria prejudicada. Nós vamos resolver isso!

- Eu sei, mas...Você tem sua carreira e não dá pra resolvermos isso.

- Dá sim! Eu vou pegar o celular da Bianca e vou apagar o vídeo.

- E como vamos ter certeza que ela não tem em mais lugares?

- Não vamos! – Suspirei. – Mas temos que tentar. – Ela assentiu com a cabeça e se encolheu no meu colo. Lhe abracei com toda força que tinha.

Ficamos daquele jeito por um bom tempo, abraçados e eu acariciava seus cabelos.

Ouvi sua respiração pesada e me entortei um pouco para olhá-la, dormia feito um anjo.

A peguei no colo e a coloquei com cuidado em sua cama.

Fui para casa e naquela noite, eu quase não dormir. Estava pensando em um jeito resolver mais um dos problemas que tinha entre nós.

Fui pra escola muito cedo no outro dia, as salas não tinham nem aberto e como o esperado, Bianca lia um livro na biblioteca, sozinha.

Ela fazia aquilo de vez em quando e para minha sorte, naquele dia ela estava lá. Ainda faltava mais de uma hora para começar as aulas.

Me sentei ao seu lado e quando ela percebeu minha presença, me olhou assustada. Tirou seu óculos de grau, que usava para ler e fechou o livro.

- Luan?

- Oi, Bia...- Tentei dar um dos meus melhores sorrisos.

- Está...tudo bem? – Ela me perguntou, sem jeito.

- Está sim e com você?

- Tudo ótimo!

- Queria te pedir desculpas...

- Pelo que?

- Por tudo! Por ter te abandonado, eu gosto de você de verdade.

- Mas e a Isabella?

- Ela me deixou sem mais nem menos, acredita? – Ela negou com a cabeça, com a cara mais lavada do mundo. – Pois é e agora eu estou sozinho. Eu achava que gostava dela, mas agora vejo que não.

- Sério? – Ela sorriu.

- É sério! E mesmo se gostasse, ela não me merece.

- Não mesmo, você merece coisa muito melhor! – Me aproximei dela, que já se derretia e sua respiração começou a ficar ofegante.

Lhe beijei, mesmo morrendo de nojo, mas beijei. Abri os olhos no meio do beijo e os dela, estavam fechados.

Fui com a mão até sua bolsa e quando estava prestes a pegar seu celular, ouvi meu nome sendo pronunciado baixo e logo em seguida o sinal para aula tocar.

Vi alguém saindo correndo pela porta e fechei os olhos com força. Tinha certeza que era Isabella e eu ainda não tinha conseguido pegar o celular e só poderia contar para ela, depois que tivesse apagado o vídeo.

Bianca sorria para mim, então me levantei e a chamei para irmos para sala de aula. Ela quis pegar na minha mão pelo caminho, mas eu inventei um desculpa qualquer, que ela caiu. Parecia muito frágil e fácil de dobrar ao meu lado.

A aula inteira meu coração partiu, vendo o rosto de Isabella. Ela parecia querer chorar, mas não iria no meio da aula. E eu não agüentava ficar a encarando por muito tempo, então desviava o olhar sempre.

Na hora do recreio, consegui convencer Bianca, a ficar dentro da sala e lhe beijei mais uma vez.

Mas dessa vez, eu consegui o que queria. Seu celular estava em cima da mesa e eu o peguei e o coloquei no bolso, sem ela perceber.

- Vou...No banheiro, tá? – Disse e ela assentiu, com um sorriso bobo no rosto.

Fui correndo para um canto do colégio, que não passava muita gente e procurei o vídeo.

Assisti aquilo e suspirei, Isabella tinha razão, era o nosso fim se aquilo vazasse.

As cenas estavam bem nítidas, mesmo com um lençol nos tapando um pouco, bem fortes.

- Por que você fez isso comigo? – Escutei Isabella falar.

- Isa, amor!

- Não me chama de amor, depois de tudo que eu vi.

- Não é nada disso...

- Eu vi, Luan! Você tem noção de como eu tô? Por que não falou e jogou limpo?

- Eu vou te explicar e você vai entender... – O bendito sinal tocou. Bufei.

Ele sempre nos atrapalhava.

- Eu não quero ouvir mais nada!

- Mas vai ouvir. Depois que eu almoçar, passo na sua casa.

- Eu não vou te atender, não quero nunca mais saber de você, Luan! – E assim ela saiu correndo.

Agora vinha a parte difícil, fazer a Isabella acreditar em mim.

Decidi que ficaria com o celular, vi umas fotos comprometedoras de Bianca ali e se ela falasse que tinha outro vídeo, iria ameaçá-la. Ela não queria jogar?

E também seria uma prova para falar para Isabella, que aquilo tudo foi só um plano para eu consegui pegar o celular da Bianca e apagar aquele vídeo.

A tonta da garota, nem percebeu que estava sem seu celular, ficava me olhando a aula inteira.

Aquilo até me irritava as vezes, ela era realmente apaixonada por mim, ou obcecada, não sei.

Depois da aula, fui correndo para casa, almocei e já fui até a casa de Isabella, que segundo minha mãe, estava sozinha.

Abri a porta de entrada, com a chave reserva da minha mãe, para casos de emergência e procurei ela pela casa inteira.

Fui em seu quarto, mas a porta estava trancada. Ela estava ali.

Escutei soluços altos e constatei que era ela que chorava. Meu coração partiu no momento.

- Isa?

- Luan? Sai daqui! Não quero te ver nunca mais!

- Por favor, deixa eu te explicar...

- Já disse pra sair! – Ela gritava sem parar e não me deixava falar.

Fiquei até com medo que minha mãe ouvisse os gritos e fosse até lá sabe o que estava acontecendo.

Nem a porta do quarto ela abria.