Capítulo 78

Os dias iam se passando e mesmo eu sabendo que aquele não era o jeito certo de revolver nada, eu ignorava o Luan. Não queria mais olhar pra ele , que depois de uma semana daquele jeito, passou a dormir na casa dos pais.

Nathalia desconfiava das coisas, me perguntava, mas eu desconversava.

- Não, Bruna!

- Por favor, Isabella!

- Não, Helen! – Revirei os olhos.

Bruna e Helen, insistiam para que eu fosse a um show do Luan, que seria em Paris.

- Todos nós vamos! – Bruna dizia.

- Mas eu não!

- As meninas vão querer ir...

- A Luna não vai sem mim e se a Nathalia quiser, podem levar ela.

- Para de graça, Isa! Eu também quero.

- Vai, Helen. Eu em!

- Mas quero ir com você.

- Então você não vai! – Elas bufaram.

Aquela semana se passou daquele jeito, com as duas me enchendo e como se não bastasse, colocaram a minha filha para me encher também.

Todos os dias, antes de dormir, ela me pedia para que eu fosse.

- Mãe, a senhora aproveita e faz as pazes com meu pai. – Nathalia sorriu esperta.

- Não vai dar pra eu ir, amor. Eu trabalho! – Ri fraco.

- Tia Helen disse que dá sim! – Ela fez bico.

- Tia Helen, né? – Neguei com a cabeça.

Dei um beijo nela e voltei para o meu quarto.

Eu sentia o cheiro dele por todo canto, eu dormia todos os dias, tentando segurar as lágrimas.

- Tá bom, vocês venceram! – Eu gritei e elas comemoram.

Estavam me enchendo de novo, na minha casa.

- Então a gente vai, mãe?

- Vamos, filha. – Suspirei.

Almoçamos todas juntas, e as meninas estavam realmente muito animadas para aquele show.

Confesso que também estava morrendo de orgulho pelo Luan. Ele iria fazer um show na França, era muito difícil para um cantor brasileiro. Mas eu não demonstrava de jeito nenhum.

(...)

No dia da viagem, arrumei minhas pequenas e fomos todos juntos para o aeroporto.

Sorte que Luan já tinha ido um dia antes e eu não precisaria ter que ir lhe olhando a viagem inteira.

Acho que foi ele que preferiu ir na frente, por esse motivo também. Odiava o clima pesado.

Como eu pedi, fiquei em um quarto separado com as crianças, no hotel luxuoso que alugaram.

- Quero ver meu pai.

- Ele está trabalhando, à noite vocês vão ver ele.

- Ah! – Nathalia fez bico e eu lhe apertei.

Passamos o dia comendo as coisas deliciosas daquele hotel, junto com Bruna e Helen e brincando.

- Isso deve ser uma fortuna! – Helen dizia, se lambuzando.

- O Luan que pague! – Brinquei e dei de ombros.

- Você é má! – Bruna riu.

- Eu, não é? – Ela fez careta e mudou o assunto.

Nos arrumamos, quando a noite caiu e seguimos para o local do show , que para nossa surpresa, já estava lotado.

- Quanta gente! – Minha tia, dizia.

- Confesso que eu pensei que não lotaria. – Comentei.

- Eu também, aqui é França! – Bruna disse.

Todos foram para o camarim, mas eu não quis, mesmo com muita insistência, aquilo eles não conseguiram me convencer.

Luna voltou correndo, quando o show já estava prestes a começar e Nathalia sorrindo. Eu ficava feliz de ver o quanto amavam o pai.

Ela me chamou com o dedo e eu me abaixei.

- Meu pai tá lindo e cheiroso! – Ela disse no meu ouvido e eu ri daquilo.

Me levantei e não demorou muito para o show começar.

Como eu não tinha nenhuma dúvida, ele arrasou e deu o seu melhor em cima do palco.

Eu ficava boba de ver, o quanto tinha fãs estrangeiras ali. Óbvio que tinha muitos brasileiros, a metade, mas também tinham estrangeiras, inclusive de outros países, que tinham viajado de longe só para estar ali e lhe ver.

Fomos para van e dessa vez não teve jeito, tive que ir junto com o Luan, que contava as coisas animado para todos. Estava visivelmente feliz, com uma filha em casa perna, que também estavam elétricas.

A van não foi para o hotel, parou em uma praça estranha, mas ninguém parecia ligar.

Todos desceram e eu não entendi, continuei dentro da van.

Estava morrendo de sono, então fechei os olhos e só os abri, quando escutei o barulho da porta novamente. Estava pronta para perguntar aonde foram, até eu ver que só Luan que estava ali.

- Cadê o resto do pessoal?

- Voltaram pro hotel de táxi.

- O que?

- Foi o único jeito que encontramos pra você ficar aqui dentro.

- Luan...Eu quero ir pro hotel.

- Por favor, vamos ali comigo. Confia em mim?

- Não quero ir com você pra lugar nenhum!

- Me ouve só uma vez! Você tá me ignorando à dias.

- Com razão, não acha? – Ele ficou calado.

Vi que a van começou a se movimentar e passei as mãos no rosto.

Não tinha mais jeito, eu teria que ir com ele pra onde fosse.

Não estava com cabeça pra conversar e já estava prevendo que havia mais uma briga, que a situação só estragaria ainda mais.

Eu nunca pensei que me manteria tão “calma” com uma traição, mas quando assunto é amor de verdade, tudo na sua vida muda.