Capítulo 77

No outro dia, eu acordei cedo e a primeira coisa que fiz, foi ir com Arleyde e Rober a um médico. Eu evitava o máximo ver Isabella, cheguei tarde em casa no dia anterior e quando acordei, por sorte, ela tinha saído.

Mesmo com receio, minha assessora explicou tudo ao meu médico com calma.

- Só peço sigilo, doutor. Que não saia daqui...

- De jeito nenhum! sigilo absoluto! – Ela assentiu.

Fiz tudo que ele pediu e dali a algumas horas já estaria pronto. Pedimos com urgência.

Almoçamos ali por perto mesmo e conversamos um pouco, para passar o tempo.

Quando voltamos para o hospital, os exames já estavam prontos.

- Está aqui! – Helen, que foi me entregar.

- Você já viu?

- Não! O doutor está almoçando, acho melhor esperar ele.

- Vai me explicar melhor, não é? – Ela concordou.

Não demorou dez minutos para o médico voltar e nós irmos para sua sala.

Ele analisou tudo, antes de dizer qualquer coisa.

- Está tudo normal.

- Hã ? Como assim?

- Não tem nada aqui. Não deu pra ver nada no exame, nenhuma substância incomum. – Suspirei.

Saí dali muito pra baixo e sem esperanças nenhuma, de que resolveria minha vida de vez.

*

Como estava de folga, resolvi sair um pouco sozinha, pensar um pouco. Mas voltei pra casa na hora do almoço. As crianças estavam pra escola.

Eu resolvi colocar Luna também, mesmo bem pequena, achava melhor pra ela que era bem esperta.

Não tinha ninguém em casa, inclusive Luan, o que já era de se esperar.

Esquentei o almoço, que já estava pronto e me sentei para comer.

Quando terminei, não deu nem tempo de respirar e a campainha tocou.

Não tinha ninguém na porta, mas quando fui fechar, olhei para baixo no instinto e vi um envelope no chão. Não pensei duas vezes antes de me abaixar pra pegar.

Me sentei no sofá e não acreditei quando o abri.

Eram fotos do Luan, com uma loirinha que ele provavelmente conheceu em algum show, na cama e sem roupa.

A raiva era tanta, que eu não conseguia nem chorar mais, pensei em rasgar, mas não fiz. Me levantei com raiva e ouvi a porta se abrindo no mesmo instante.

- Isabella?

- Então era por isso que estava estranho assim? Por isso que brigou comigo sem motivo, só pra tirar o peso das suas costas? – Eu falava baixo, porém, com ódio.

- Do que está falando, Isabella?

- Disso, Luan! – Explodi de vez e gritei.

Joguei o envelope na cara dele, que pegou do chão e arregalou os olhos assim que o abriu.

- Quem te mandou isso?

- Não interessa! – Gritei de novo. – Eu não sei o que eu faço...Pensei que realmente me amasse, quisesse uma família comigo.

- Claro que eu quero, e eu te amo, meu amor! – Ele se aproximou e eu me afastei.

- Não encosta em mim! – Falei entre dentes, baixo, pausadamente e com raiva.

- Por favor! – Seus olhos se encheram de lágrimas.

- Sínico ! Você me traiu. – Eu falava pra mim mesma.

- Não...Não te trai, amor. Deixa eu explicar.

- Isso não tem explicação! – Subi as escadas correndo.

Me tranquei no quarto e como sempre, me permiti chorar. Foi uma das coisas que mais fiz na vida. Chorar.

Liguei para Bruna e pedi para que ela pegasse as meninas e a levassem para casa dela, que sem questionar concordou, já percebendo a minha voz. Não expliquei nada, não estava com cabeça.

A noite caiu e eu não saí de dentro do quarto, pra piorar minha tristeza o frio também chegou junto. Eu me sentia bem pior no frio.

Me lembrei que não tinha cobertor, nem nada, nos outros quartos e me levantei suspirando.

Depois de tomar um banho quente, demorado e tentar relaxar, eu peguei um cobertor grosso e o travesseiro do Luan.

Abri a porta do quarto e dei de cara com ele.

- Toma! – Lhe entreguei e ele pegou.

Seus olhos estavam vermelhos, não diferentes dos meus.

- Me deixa explicar, por favor... – Ele disse quase que num sussurro.

- Não quero ouvir...Não hoje! – Respondi no mesmo tom.

- Obrigado! – Ele saiu de cabeça baixa e mesmo morrendo de raiva dele, eu fiquei com pena.

E fui dormir me culpando por ter ficado com pena dele, por ter pensado se ele passaria frio de madrugada, mesmo ele me traindo.

Eu realmente me achava uma tremenda idiota, tola, burra e por isso, ele fez o que fez comigo.

No outro dia, fui para casa de Bruna cedo e lá pude chorar mais um pouco e desabafar com ela.

- Conversem! – Ela me dizia.

- Eu não consigo ouvir. Isso não tem explicação! – Eu olhava pro lado, tentando segurar as lágrimas.

- Eu sei, mas...Se ele está insistindo tanto.

- Ai, Bruna! – Lhe abracei forte e ela retribuiu na mesma intensidade.

Mesmo sem eu querer, minha tia chegou bem nessa hora e fez com que eu lhe contasse tudo. Eu não queria mesmo, mas não teve jeito.

- Quero que me conte sim! Eu sou sua tia, era amiga da sua mãe e do mesmo jeito que eu sei que ela cuidaria de Bruna, se fosse o caso, eu vou cuidar de você! – Chorei mais com sua frase e lhe abracei.

- Obrigada mesmo, tia!

- Tentem conversar sim, viu ? Eu estou decepcionada com o Luan. Vou falar com ele.

- Não quero que briguem por minha causa.

- Nada disso! Só vamos conversar.

- Se a senhora insiste...

- Sei que não é o melhor momento, mas...Vim chamar vocês pra comerem um bolo ótimo que fiz. Receita da sua mãe! – Ela sorriu, tentando me animar.

- Deve estar bom! – Minha voz saiu rouca e eu sorri fraco.

- Está sim! Vem provar?

- Tudo bem! – Suspirei.

Bruna me abraçou e nós descemos as escadas daquele jeito.