Capítulo 74

(...)

“ – Filha!

- Mãe? – Olhei assustada para mulher na minha frente, com seu vestido branco, o que eu mais gostava em seu corpo e tinha lhe ajudado a escolher, junto de Luan e tia Marizete, quando éramos pequenos.

Aquela calçada da casa que morávamos no interior de São Paulo, continuava a mesma.

- Filha... – Ela se aproximou desabando em lágrimas. – Me desculpa por tudo ? Desculpa eu e seu pai por tudo? Nunca quisemos sua infelicidade, sempre te amamos e queríamos que fosse feliz da maneira que achávamos que era certo.

- Eu já desculpei, mãe...

- Me perdoa! – Ela não parava de repetir essas palavras, enquanto me abraçava forte.

- Eu te perdoo! – Eu sussurrava em seu ouvido, também chorando.

- Nunca foi minha intenção te fazer sofrer! – Enfim, ela se afastou minimamente.

- Eu acredito! Juro! Eu amo vocês demais!

- Você é um anjo! – Ela sorriu lindamente e o brilho de seus lindos olhos esverdeados, iluminaram aquele lugar.

- Não sou! – Sorri também, enquanto secava minhas lágrimas.

- Você merece tudo que conquistou. Sua família é linda e eu queria muito está com você...Mimar minhas netas. Mas infelizmente...

- Vão sempre estar comigo no meu coração e delas!

- E protegendo vocês também. Pode ter certeza! – Sorri mais uma vez pra ela.

Nos abraçamos mais apertado, mais uma vez.

Uma luz branca invadiu tão forte o lugar, que eu não conseguia abrir os olhos.”

Acordei assustada e ofegante, ao ponto de gritar, de tão sufocante que foi aquele sonho.

Não que tivesse sido ruim, muito pelo contrário, eu senti de verdade o abraço da minha mãe, mas me fez lembrar o quanto eu queria ela ali do meu lado.

Como ela mesmo disse no sonho “ mimando minhas filhas.”

- Mamãe...Tá tudo bem? – Escutei uma voz rouca e manhosa do meu lado.

Só então percebi que minhas filhas dormiam do meu lado e Nathalia, se sentava sonolenta na cama.

- Está, amor. Me desculpa por te acordar...Pode voltar a dormir!

- Não quero mais dormir! Vamos tomar café?

- Vamos sim! – Sorri para ela e beijei seu rosto, antes de levantarmos.

Tomei meu café da manhã bem mais relaxada e calma, porém, ainda no mundo da lua, pensando no sonho.

- Dona, Isabella?

- Oi...Me desculpa!

- (risos) O que é isso! O que a senhora vai querer para o almoço hoje?

- Ah...O que quer filha?

- Batata e bife! – Nathalia disse animada.

- Ah...Novidade! – Rimos.

Voltamos para sala e o meu celular tocou. Estranhei quando vi que era o número do Luan.

- Isabella?

- Oi, amor.

- Eu volto amanhã, está bem?

- Só amanhã? Ah...Hoje é véspera de feriado, pensei que iríamos sair, já que a escola da Nathalia emendou e eu não tenho plantão. Vamos ficar a toa.

- Não vai dar...

- E amanhã? Você não tinha show aqui perto?

- Ainda tenho! Mais volto cedo, promete!

- Tudo bem!

- Não vai ficar com raiva, não é?

- Claro que não! Entendo seu trabalho... – Nos despedimos e eu desliguei.

Estava tão animada naquele dia, que resolvi sair com as meninas, mesmo sem o Luan.

Fomos para o shopping e lá nos divertimos bastante. Tomamos sorvete, comprei muitos brinquedos para elas e por último, fomos a um mini parquinho de diversões, que tinha ali dentro mesmo.

- Oi... – Olhei para o lado e um rapaz me encarava.

Deveria ter quase a minha idade.

- Oi. – Sorri, simpática.

- São suas irmãs? – Ele apontou para as meninas, que brincavam juntas.

- Ah...Não! – Ri. – São minhas filhas.

- Jura? – Ele me olhou espantado. – Nossa! Nem parece que tem filho.

- Não sou mais tão nova assim... – Ri fraco.

- Imagina! – Ele foi gentil. – Eu trouxe meu sobrinho aqui, mas também gostaria de ter filhos no futuro, meninas também.

- Jura? Toda pai quer menino.

 - (risos) Eu prefiro menina! Quero sentir ciúmes!

- É muito ciumento?

- Muito! – Fiz careta e ele voltou a rir.

Olhei para Luna, que aparentava sono e me despedi dele.

Voltamos para casa e só tomamos um banho. Fomos dormir cansadas pelo longo passeio e por ter comido tanto.

No outro dia, Luan voltou antes do almoço para casa. Estava um pouco estranho e eu reparei isso no primeiro momento que o vi, mas era só comigo.

Porque foi acordar as filhas com carinho e chamá-las para tomar um café da manhã com ele.

Não comentei nada, mas estava sim percebendo. A noite, fomos para o show dele, todos juntos e depois que acabou, nos chamaram para um balada ali perto.

- Ah...To desanimado! – Ele dizia.

- Vamos, amor ? Seus pais disseram que ficam com as crianças.

- Não to animado mesmo! – Eu queria ir, mas como o Luan não quis, eu também não fui lógico.

Voltamos para casa no mesmo dia, por ser bem perto mesmo, e quando ele colocou as meninas, que já dormiam no carro, na cama, eu criei coragem.

- Porque está tão estranho assim? – Ele me olhou, enquanto comia seu sanduíche e não me respondeu.

Bufei e repeti a pergunta, que continuou sem resposta. – Luan! – O repreendi.

- Quer mesmo saber, Isabella?

- Por favor! – Ele colocou o pão de lado.