sábado, 22 de fevereiro de 2014

Capítulo 4


- Sério ? Você tá diferente, pelas fotos que vejo. – Ele estreitou os olhos, parecendo me reparar melhor.
- É...Você também. Só o cabelo que continua grande. – Tentei brincar e ri no final.
- É sério isso, Isabella? – Ele ainda não estava creditando.
- É sério. Me diz, onde você mora?
- A duas ruas daqui, por que?
- Eu também. Perto de onde?
- De uma praça grande. A maior da cidade eu acho.
- Nossa! Eu também, em uma casa amarela.
- Amarela ? Tem uma em frente a minha...
- Então eu vou com você e veremos, ta bem ? – Ri.
- Tá...Então vamos.
- Eu moro pro outro lado, Isa. Nos vemos amanhã, tá ? – Amanda falou e eu assenti.
Meu pegou de surpresa com um abraço, que me fez ri. Acho que aquela amizade era verdadeira mesmo e já estava triste, só de pensar em me apegar muito a ela e depois ter que ir embora. Mal chegava na cidade e já pensava na partida, porque era sempre assim.
- Tchau, amor! – A tal da Carla, deu um selinho no Luan e acenou pra mim.
Parecia ser bem simpática, sorri pra ela.
Fomos caminhando em silêncio e não demorou muito para chegarmos em frente a minha casa.
- É aqui que eu moro.
- Sério ? Eu moro aqui. – Ele apontou para uma casa azul, em frente a minha e eu sorri.
- Meu pai vai gostar muito de saber, assim como no passado.
- O tio Alex ? – Ele ainda não acreditava muito e eu assenti.
- Agora não deve ter ninguém em casa, minha mãe disse que iria ao mercado.
- Quer ir lá em casa então?
- Espera um pouco. – Fui correndo até a porta e a abri com minha chave reserva.
Joguei minha mochila ali dentro e voltei correndo. – Vamos. –
Só atravessamos aquela rua calma, que quase não passava carros e já estávamos em frente à casa do meu primo.
Ele entrou gritando sua mãe, que logo apareceu, junto de uma garotinha bem menor que nós, que sorria. Era bonita e parecia bastante comigo, quando menor, eu achei.
- Quem é sua amiga nova, meu amor? – Tia Marizete disse e eu sorri pra ela.
- Sou eu, tia Lizete. A Isabella! – Me aproximei e vi sua expressão assustada.
Era assim que eu a chamava quando pequena e dizia meu tio Amarildo, que suas outras sobrinhas também a chamavam daquele jeito.
Meu pai e ele tinham um irmão dois anos mais velho que os dois, que eu nunca conheci. Eram só os três. Mas cresci sabendo de todos da família, meu pai me contava os nomes e sobre cada um e me prometia que um dia eu conheceria todos.
- Meu Deus...Isabella ? – Ela me abraçou forte e eu retribui do mesmo jeito. – Vamos pra cozinha, estou fazendo o almoço ainda. – E assim seguimos para outra parte da casa.
Nos sentamos a mesa, enquanto minha tia, via as panelas. – Como encontrou Luan, minha filha? E seus pais?
- (risos) Estudamos na mesma escola, tia e eu ouvi a professora dizendo o nome completo dele e fui perguntar.
- Nossa! Muita coincidência !
- Muita mesmo! Meu pai vai ficar muito feliz de voltar a ser vizinho de vocês de novo.
- Também estamos felizes. Você está linda! – Ela me olhou e sorriu.
- A senhora que continua linda como a ... Dez anos atrás.
- (risos) Imagina! Cadê sua mãe?
- Está no mercado e meu pai só chega no final da tarde, como sempre. – Ri.
- Entendi, Amarildo também só chega tarde. Olha a Bruna ai, que você pegava tanto no colo. – Olhei a menininha tímida do meu lado, que escondeu o rosto no braço de Luan, que riu.
- Sério? Nossa! Eu pensei que ainda ia pegar ela no colo. – Brinquei e eles riram, inclusive ela.
- Eu cresci! – Finalmente ela disse.
- (risos) Eu percebi. Tenho muitas fotos sua, você quer ver?
- Quero !
- Quando minha mãe voltar, eu peço para ela pegar. – Sorri e ela também.
- Você é minha prima?
- Sou sim. – Tia Lizete riu.
Almocei lá mesmo e depois Luan disse que iria trocar de roupa, para irmos a minha casa.
Chamei Bruninha também, que foi conosco. Iríamos fazer uma surpresa para minha mãe e depois levá-la até minha tia.
- Mãe! – Entrei gritando e ela apareceu.
- Que escândalo, Isabella ! – Ela disse, me fazendo ri.
Ficou olhando para Luan e do jeito que minha mãe era observadora, iria o reconhecer na hora.- Parece o...
- Luan? – Eu a interrompi e ela me olhou, estreitando os olhos.
- Tudo bem, tia Lili ? A senhora não mudou nada. – E só com essa frase, minha mãe quase morreu de felicidade. Abraçou Luan tão forte, que eu acho que seus ossos quase quebraram.
- Não vai me dizer que essa princesa é a Bruna? – Ela assentiu com a cabeça e minha mãe a abraçou também, a tirando do chão.
- (risos) Mãe, eles são nossos vizinhos de novo. Luan estuda comigo!
- É sério isso? – Ela olhou para ele, que assentiu. – Como você cresceu, garoto. Está do meu tamanho.
- (risos) Ainda vou crescer mais, tia.
- Quase não te reconheci com esse aparelho. O cabelo ajudou.
- A Isabella disse o mesmo! – Ele disse, me fazendo ri. – Ela está igual, só colocou aparelho também.
- Vocês estão crescendo, crianças. Cadê seus pais, Luan?
- Minha mãe que está em casa, vamos lá ? Meu pai está no banco. – E assim, voltamos para casa do Luan.
Minha mãe e minha tia, quase morreram de felicidade, não paravam de conversar um minuto, nos fazendo ri.
- Vamos na sala? – Luan disse e eu assenti. Bruna foi conosco. – Sabe jogar? – Ele apontou para seu vídeo game.
- Acho que é o que eu mais faço na vida.
- (risos) Então vamos. – Começamos a jogar e depois de várias partidas, enjoamos.
- Acho que elas tem assunto até semana que vem. – Deitei um pouco no sofá e Luan riu.
- Também acho...Meu pai deve tá chegando. – Ele olhou em seu relógio.
Ficamos em silêncio por algum tempo, até que ele quebrou ele. – Eu me lembro da gente na escola. Eu sempre ia ver se você estava com fome, se tinham te machucado...
- (risos) Me lembro disso também e minha mãe sempre conta.
- A minha também...Você faz aniversário no mesmo mês e ano que eu, não é?
- Faço...Eu me lembrou também do Natal que tivemos e você ganhou seu violão.
- Nossa! Você se lembra? Dia inesquecível pra mim.
- Você ainda gosta de tocar?
- Amo cantar e tocar. E ainda tenho aquele violãozinho.
- Sério? Nossa!
- Vou guardar ele pra sempre. Meu sonho é ser cantor! – E mais uma vez, o silêncio reinou naquele lugar.
- Você vai conseguir. Tá no seu sangue. – Eu o quebrei e ele me olhou.
- Deus te ouça! – Sorriu e eu também.
- Uma pessoa que canta antes mesmo de falar, com certeza o futuro não será outro, a não ser cantar e cantar.
- (risos) Você se lembra mesmo ?
- Claro que sim! Pega o violão pra cantar pra mim? – Ele levantou sorrindo do sofá.
- Como antes?
- Como antes! – Confirmei e ele subiu as escadas correndo.
Fiquei conversando com Bruna, que logo se soltou e não parou mais de falar. Com seus dez anos, era bem esperta e me contava até os “podres” do irmão, dizia ela, que brigavam um pouco.
Luan voltou e começou a tocar e a cantar, até uma composição sua, ele me mostrou. Fiquei impressionada com a letra e mais ainda, quando soube que tinha feito a música na idade de Bruna, dez anos.

5 comentários: