sábado, 22 de fevereiro de 2014

Capítulo 4


- Sério ? Você tá diferente, pelas fotos que vejo. – Ele estreitou os olhos, parecendo me reparar melhor.
- É...Você também. Só o cabelo que continua grande. – Tentei brincar e ri no final.
- É sério isso, Isabella? – Ele ainda não estava creditando.
- É sério. Me diz, onde você mora?
- A duas ruas daqui, por que?
- Eu também. Perto de onde?
- De uma praça grande. A maior da cidade eu acho.
- Nossa! Eu também, em uma casa amarela.
- Amarela ? Tem uma em frente a minha...
- Então eu vou com você e veremos, ta bem ? – Ri.
- Tá...Então vamos.
- Eu moro pro outro lado, Isa. Nos vemos amanhã, tá ? – Amanda falou e eu assenti.
Meu pegou de surpresa com um abraço, que me fez ri. Acho que aquela amizade era verdadeira mesmo e já estava triste, só de pensar em me apegar muito a ela e depois ter que ir embora. Mal chegava na cidade e já pensava na partida, porque era sempre assim.
- Tchau, amor! – A tal da Carla, deu um selinho no Luan e acenou pra mim.
Parecia ser bem simpática, sorri pra ela.
Fomos caminhando em silêncio e não demorou muito para chegarmos em frente a minha casa.
- É aqui que eu moro.
- Sério ? Eu moro aqui. – Ele apontou para uma casa azul, em frente a minha e eu sorri.
- Meu pai vai gostar muito de saber, assim como no passado.
- O tio Alex ? – Ele ainda não acreditava muito e eu assenti.
- Agora não deve ter ninguém em casa, minha mãe disse que iria ao mercado.
- Quer ir lá em casa então?
- Espera um pouco. – Fui correndo até a porta e a abri com minha chave reserva.
Joguei minha mochila ali dentro e voltei correndo. – Vamos. –
Só atravessamos aquela rua calma, que quase não passava carros e já estávamos em frente à casa do meu primo.
Ele entrou gritando sua mãe, que logo apareceu, junto de uma garotinha bem menor que nós, que sorria. Era bonita e parecia bastante comigo, quando menor, eu achei.
- Quem é sua amiga nova, meu amor? – Tia Marizete disse e eu sorri pra ela.
- Sou eu, tia Lizete. A Isabella! – Me aproximei e vi sua expressão assustada.
Era assim que eu a chamava quando pequena e dizia meu tio Amarildo, que suas outras sobrinhas também a chamavam daquele jeito.
Meu pai e ele tinham um irmão dois anos mais velho que os dois, que eu nunca conheci. Eram só os três. Mas cresci sabendo de todos da família, meu pai me contava os nomes e sobre cada um e me prometia que um dia eu conheceria todos.
- Meu Deus...Isabella ? – Ela me abraçou forte e eu retribui do mesmo jeito. – Vamos pra cozinha, estou fazendo o almoço ainda. – E assim seguimos para outra parte da casa.
Nos sentamos a mesa, enquanto minha tia, via as panelas. – Como encontrou Luan, minha filha? E seus pais?
- (risos) Estudamos na mesma escola, tia e eu ouvi a professora dizendo o nome completo dele e fui perguntar.
- Nossa! Muita coincidência !
- Muita mesmo! Meu pai vai ficar muito feliz de voltar a ser vizinho de vocês de novo.
- Também estamos felizes. Você está linda! – Ela me olhou e sorriu.
- A senhora que continua linda como a ... Dez anos atrás.
- (risos) Imagina! Cadê sua mãe?
- Está no mercado e meu pai só chega no final da tarde, como sempre. – Ri.
- Entendi, Amarildo também só chega tarde. Olha a Bruna ai, que você pegava tanto no colo. – Olhei a menininha tímida do meu lado, que escondeu o rosto no braço de Luan, que riu.
- Sério? Nossa! Eu pensei que ainda ia pegar ela no colo. – Brinquei e eles riram, inclusive ela.
- Eu cresci! – Finalmente ela disse.
- (risos) Eu percebi. Tenho muitas fotos sua, você quer ver?
- Quero !
- Quando minha mãe voltar, eu peço para ela pegar. – Sorri e ela também.
- Você é minha prima?
- Sou sim. – Tia Lizete riu.
Almocei lá mesmo e depois Luan disse que iria trocar de roupa, para irmos a minha casa.
Chamei Bruninha também, que foi conosco. Iríamos fazer uma surpresa para minha mãe e depois levá-la até minha tia.
- Mãe! – Entrei gritando e ela apareceu.
- Que escândalo, Isabella ! – Ela disse, me fazendo ri.
Ficou olhando para Luan e do jeito que minha mãe era observadora, iria o reconhecer na hora.- Parece o...
- Luan? – Eu a interrompi e ela me olhou, estreitando os olhos.
- Tudo bem, tia Lili ? A senhora não mudou nada. – E só com essa frase, minha mãe quase morreu de felicidade. Abraçou Luan tão forte, que eu acho que seus ossos quase quebraram.
- Não vai me dizer que essa princesa é a Bruna? – Ela assentiu com a cabeça e minha mãe a abraçou também, a tirando do chão.
- (risos) Mãe, eles são nossos vizinhos de novo. Luan estuda comigo!
- É sério isso? – Ela olhou para ele, que assentiu. – Como você cresceu, garoto. Está do meu tamanho.
- (risos) Ainda vou crescer mais, tia.
- Quase não te reconheci com esse aparelho. O cabelo ajudou.
- A Isabella disse o mesmo! – Ele disse, me fazendo ri. – Ela está igual, só colocou aparelho também.
- Vocês estão crescendo, crianças. Cadê seus pais, Luan?
- Minha mãe que está em casa, vamos lá ? Meu pai está no banco. – E assim, voltamos para casa do Luan.
Minha mãe e minha tia, quase morreram de felicidade, não paravam de conversar um minuto, nos fazendo ri.
- Vamos na sala? – Luan disse e eu assenti. Bruna foi conosco. – Sabe jogar? – Ele apontou para seu vídeo game.
- Acho que é o que eu mais faço na vida.
- (risos) Então vamos. – Começamos a jogar e depois de várias partidas, enjoamos.
- Acho que elas tem assunto até semana que vem. – Deitei um pouco no sofá e Luan riu.
- Também acho...Meu pai deve tá chegando. – Ele olhou em seu relógio.
Ficamos em silêncio por algum tempo, até que ele quebrou ele. – Eu me lembro da gente na escola. Eu sempre ia ver se você estava com fome, se tinham te machucado...
- (risos) Me lembro disso também e minha mãe sempre conta.
- A minha também...Você faz aniversário no mesmo mês e ano que eu, não é?
- Faço...Eu me lembrou também do Natal que tivemos e você ganhou seu violão.
- Nossa! Você se lembra? Dia inesquecível pra mim.
- Você ainda gosta de tocar?
- Amo cantar e tocar. E ainda tenho aquele violãozinho.
- Sério? Nossa!
- Vou guardar ele pra sempre. Meu sonho é ser cantor! – E mais uma vez, o silêncio reinou naquele lugar.
- Você vai conseguir. Tá no seu sangue. – Eu o quebrei e ele me olhou.
- Deus te ouça! – Sorriu e eu também.
- Uma pessoa que canta antes mesmo de falar, com certeza o futuro não será outro, a não ser cantar e cantar.
- (risos) Você se lembra mesmo ?
- Claro que sim! Pega o violão pra cantar pra mim? – Ele levantou sorrindo do sofá.
- Como antes?
- Como antes! – Confirmei e ele subiu as escadas correndo.
Fiquei conversando com Bruna, que logo se soltou e não parou mais de falar. Com seus dez anos, era bem esperta e me contava até os “podres” do irmão, dizia ela, que brigavam um pouco.
Luan voltou e começou a tocar e a cantar, até uma composição sua, ele me mostrou. Fiquei impressionada com a letra e mais ainda, quando soube que tinha feito a música na idade de Bruna, dez anos.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Capítulo 3


- Oi...Qual seu nome ? – Ela se sentou em uma cadeira do meu lado.
- Isabella e o seu?
- Lindo seu nome! Me chamo Amanda, prazer ! – Ela estendeu a mão e eu a peguei. – Você é nova aqui em Maringá, também? – Só então percebi o nome daquela cidade, que eu nunca tinha nem se quer, ouvido falar.
- Hãn...Sou sim. Cheguei ontem.
- Não parece muito feliz.
- É porque eu vivo me mudando, o emprego do meu pai é um saco.
- Isso deve ser chato mesmo, deixar os amigos.
- Muito ! – Suspirei.
- Quantos anos você tem?
- Quatorze e você?
- Também, você quer festa de quinze anos ?
- Não, por que ?
- Ah, eu quero! Deve ser muito legal e já sei até quem vai ser meu príncipe... – Ela disse animada, me fazendo ri.
- Vai ter até príncipe ?
- Claro que sim ! Depois eu te mostro ele, é daqui da escola. – Assenti com a cabeça.
Conversei bastante com Amanda, que tagarelava sem parar, como se fossemos amigas de infância, eu ria dela. – Vou me sentar aqui agora, posso? – Ela apontou para a cadeira que estava sentada. As mesas eram de duas pessoas.
- Pode sim...Se não tiver ninguém. – Dei de ombros.
- Não tem ! – Ela riu e pegou suas coisas, que estavam em sua antiga carteira.
O sinal bateu e todos voltaram para dentro da sala.
No meio da nossa aula a diretora veio dar um comunicado, que animaram as meninas da turma, mas eu fiquei sem entender.
- Porque estão felizes que vão passar alguns alunos do nono ano b, pra cá, Amanda ? – Eu a perguntei baixo.
- É porque a maioria só tem meninos... – Ela dizia animada também.
- E daí ? – Ela me olhou indignada, enquanto eu ri baixo.
- Só tem gatinhos, Isa. Você tem que ver...
- Ainda acho que estou na idade de brincar e não namorar. – Dei de ombros.
- Como assim? Você vai fazer quinze anos no ano que vem e quer brincar?
- Não vejo problema.
- Vai dizer que nunca paquerou um gatinho? Que nunca teve um encontrinho ? Que nunca beijou? – Ela disparou, mas antes que respondesse, a diretora chamou sua atenção e ela se virou para frente inconformada, enquanto eu revirava os olhos.
- Já vou mandar vir alguns alunos. Vão ser nove alunos. – E mais uma vez as meninas vibraram. Gente boba, eu pensava. 
 Ela chamou mais uma vez a atenção delas e explicou que só estava fazendo aquilo, para acabar com o nono ano b, o mais bagunceiro. Alguns meninos iriam para o C e outros para o A, o nosso.
O último menino que entrou, não me era estranho e mais ainda, quando o ouvir falar, aquela voz, eu reconhecia de algum lugar, mas nem levei a sério.
Uma hora que a professora teve que sair a bagunça tomou conta da sala de aula, me fazendo ri.
- Ta vendo aquele menino, ali? – Amanda, me mostrou o menino, que eu achava que conhecia e eu assenti. – Ele é lindo, tudo de bom e ainda canta e toca violão. Quero ele como príncipe ! – Ri dela.
- Ele canta e toca?
- É e ainda é lindo assim, tem coisa melhor ? Pena que ele tá namorando a Carla, mas logo larga. Coisa de adolescente.
- Ele já namora ? Nossa !
- Namora sim, aquela loirinha ali. – Ela apontou disfarçadamente e eu vi.
Era até bonitinha a menina e parecia muito nova pra namorar também.
- Mas os pais deles sabem?
- Sabem, não tem nada demais.
- Eu acho que tem, meu pai não gostaria.
- Aposto que é filha única ! – Assenti e ela gargalhou.
- Qual o nome dele? – Perguntei por curiosidade.
- Luan...
- Sério? Eu tenho um primo com esse nome, que não vejo a séculos. Bateu a saudade agora! – Rimos.
A professora voltou e quando viu a bagunça, não deu outra coisa, ficaríamos até depois do horário e cada um iria assinar uma advertência.
A escola era bem rígida e ainda mais quando se tratava de bolinhas de papel, como era o caso. E quem não fazia nada, como eu, levava também.
Meu pai ficaria furioso, se não confiasse tanto em mim e soubesse o quanto eu não era daquelas coisas, de bagunça e de responder as professoras.
Depois de ficar ali meia hora, depois do sinal, ela começou a chamar nossos nome para entregar o bilhete. Foi pela ordem de chamada.
- Vou chamar um grupo de quatro para andar mais rápido. – Ela avisava, já que a turma era bem grande. – Amanda Cordeiro Nolasco. Isabella Guimarães Santana. João Vitor Cunha e Luan Rafael Domingos Santana. – Olhei para o garoto que se aproximava.
Será que ele era o meu primo ? Ele tinha nome do meu primo e o mesmo sobrenome que o meu.
Saí dali e andei um pouco rápido, quando o vi se afastar, abraçado a garota, sua namorada. Amanda gritava para eu a esperar, e logo começou a correr atrás de mim, quando viu que eu não iria parar.
Queria saber se ele era mesmo o meu primo, meus pais iriam ficar felizes se os tios tivessem morando ali perto da gente de novo e eu também. Estava louca pra ver minha priminha e meus segundo pais. Que sempre me trataram como uma filha.
O melhor ano que vivi na vida, de dois, até meus quatro anos, no interior de São Paulo.
Comecei a andar mais devagar, quando vi que estava bem próxima do garoto e Amanda me alcançou, começou a falar, mas eu não prestava a atenção em nada.
Ele podia sim ser meu primo, deveria ter a minha idade, por estar estudando comigo, tinha o meu sobrenome e o nome do meu primo. Ele era alto e quando deu uma risada, lembrei das risadinhas que ainda estavam na minha memória.
Tomei coragem e dei um passo para frente, deixando minha mais nova amiga, sem entender.
- Ei... – Eu falei alto e ele se virou, me olhando sem entender. – É... – Eu estava sem jeito. – Seu nome é Luan, não é ?
- É sim e o seu Isabella, não é isso?
- Isso! – Sorri. – Então você tem o mesmo sobrenome que o meu...
- Santana, né ? Eu também reparei.
- E...Eu tenho um primo com o nome de Luan, que eu não vejo a séculos e...
- Eu também tenho uma prima com o nome de Isabella, não vejo ela desde meus quatro anos.- Tive a certeza, que aquele era o meu primo.
- Em Assis?
- É...Como sabe que a gente morava lá ? – Sorri e ele ficou sem entender.
Parecia ser um pouco desligado.
- Porque eu morava lá também, acho que...Sou sua prima ! – Ri, enquanto Luan me olhava assustado.


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Capítulo 2


Agosto de 1994 ...

Completamos 3 anos naquele ano e comemoramos a festa juntos.
Minha mãe chamou bastante crianças e junto com minha tia, elas fizeram muitas coisas para o nosso aniversário, enquanto eu e meu primo, Luan, brincávamos na sala.- Me lembro como se fosse hoje, de meu pai e meu tio Amarildo, entrando pela sala, já no final da tarde e nos levantarmos animados para abraçá-los. Era quase sempre daquele jeito. -
Minha mãe me deu de presente uma máquina de tirar fotos, da barbie e eu quase morri de felicidade, amava  ser fotografada e Luan sofreu muito depois daquele dia, já que todos os dias eu pedia para que minha mãe tirasse uma foto nossa, indo ou voltando do colégio.
Ele era como um irmão mais velho pra mim, mesmo tendo a mesma idade que a minha.
Era bem maior e aparentava ser mais velho, ia de mãos dadas comigo para a escola e não deixava eu sair da calçada, até chegarmos lá, até minha mochila ele levava.
Na hora do recreio, ia me perguntar se eu ainda tinha lanche e às vezes me oferecia o dele, mesmo eu já tendo comido o meu. Ele mesmo falava que eu ainda estava com fome, enquanto eu dizia que não e a professora ria sem parar.
Ela contava isso para minha mãe e tia Marizete, que também achavam graça daquilo.
Tia Marizete deu uma noticia que abalou muito minha mãe, em uma tarde ensolarada de setembro, mas no final ela aceitou e ficou feliz por sua com cunhada e amiga, claro.
Ela estava grávida de seu segundo filho, estava de um mês e radiante de felicidade.
Minha mãe dizia que no começo sentiu até um pouco de inveja, mas depois ficou feliz por ela e faziam planos, para o mais novo integrante da família.
Tio Amarildo, também contou a noticia ao meu pai, que também ficou um pouco triste. Mas não tinha jeito, já que eles não queriam adotar uma criança. Então resolveram esquecer aquilo e voltar a focar em mim.
Quando chegou Dezembro, teria uma ceia de Natal na minha casa e como sempre, minha mãe e minha tia, que estavam responsáveis por tudo.
Eu ouvia elas falando que tinham conseguido que algumas primas do meu pai e do meu tio, fossem para lá e tinham chamado alguns vizinhos também.
Minha tia, com quatro meses de gestação, já sabia o sexo do bebê. Minha mãe mesmo tinha ido com ela a uma clínica, perto dali e eu e Luan tínhamos ficado com uma vizinha de confiança, que era um amor, por sinal.
Era uma menina e até o nome já estava escolhido. Seria Bruna, porque um dia minha mãe disse a tia Marizete, que meu nome teria sido esse se meu pai não tivesse escolhido, Isabella, que na minha opinião, sempre foi perfeito. Sempre amei o meu nome.
E por saber que minha mãe não poderia mais ter filhos, ela iria colocar aquele nome, em sua princesinha, - Era assim que a chamavam também. Nunca tive ciúmes, pelo contrário, sempre gostei de ver com Luan a barriga da minha tia crescer. Ficávamos impressionados a cada dia.-
Bruna nasceria em maio e certeza, que só iria alegrar mais aquela família.
No final, a casa estava lotada, tinha muita gente e logo chegaram os parentes do meu pai e do meu tio. Apertavam eu e Luan, enquanto nós fazíamos careta.
Eu só gostei mesmo de ficar no colo de uma prima e brincar com ela. Com a Glória, que Luan já conhecia e a chamava de Gogó, mesmo tendo pouco contato.
Eu nunca tinha a visto, mas logo me dei bem com ela também e ficávamos brincando os três. – minha mãe sempre dizia isso. –
Até que naquela noite, Luan teve uma surpresa, ele ganhou do “papai Noel” um violão e a felicidade não cabia mais nele.
Cantava e tocava sem parar, eu também estava feliz por ele.
Glória também, sempre contava , que eu me sentava com ele em uma cadeira e Luan me perguntava qual música eu queria ouvir e tocava pra mim, deixando todos encantados.
Gravaram até vídeos de nós naquela noite e eu me exibia em frente à câmera, que vivia em minha direção.
Acho que era o Natal mais feliz que meu pai estava tendo, desde de seus 15 anos.
Quando saiu de Campo Grande – Mato Grosso do Sul e foi à procura de emprego e estudo para a Capital de São Paulo.

Abril de 2005 ...

E lá estávamos nós, nos mudando mais uma vez para uma cidade, que eu nem sabia qual.
Fui emburrada dentro do carro o caminho inteiro. Com meus 14 anos, já entrando na puberdade, eu não aceitava ter que me mudar pela segunda vez naquele ano.
Tínhamos saído do interior de São Paulo, assim que completei quatro anos, só deu para ver o nascimento de Bruna e logo nos mudamos.
Minha mãe contava que eu tinha ficado muito triste com aquilo, manhosa e pirracenta até e eles também. Depois de meu pai reencontrar seu irmão, mas uma vez haveria a separação.
Tio Amarildo, também falava que não iria demorar para transferi-lo também.
Eu lembrava bastante do Luan e o quanto éramos apegados, ficava vendo as fotos que tirei com Bruna em meu colo também, assim que nasceu.
- Isabella, você sabe que é necessário... – Meu pai falava, enquanto dirigia.
- Não sei porque é necessário. O senhor até hoje não foi promovido, eles estão enganando você, pai.
- Não estão, minha filha... – Ele suspirou. Acho que disse mais para ele. – Vai dar tudo certo.
- O senhor sempre fala isso e eu sempre tenho que deixar os amigos que custo a fazer.
- Não custa nada, Isabella. Você faz sempre amigos rápido. – Minha mãe disse, já irritada, no banco da frente e eu bufei.
- Não faço nada, eu sou muito tímida e vocês sabem disso.
- Nós não podemos fazer nada. – E assim resolvi me calar, para não ter ainda mais aborrecimentos com meus pais, que mal o bem, tentavam me dar sempre tudo do bom e do melhor, continuavam me mimando como sempre.
A casa em que iríamos morar, era até boa, eu gostei do meu quarto e dá vista que ele dava para outras casas. Tinha uma sacada linda também.
Fui para escola emburrada mais uma vez no outro dia e quase chorei, antes de descer do carro em que estava com meus pais.
- Vai dá tudo certo, filha... – Meu pai disse e depois beijaram minha bochecha.
Saí batendo a porta do carro e o pé no chão com força. Ouvi o barulho do carro se afastar, só quando já estava dentro da escola, que era até boa. Era particular, primeira escola particular que eu estudava e aquilo me dava mais medo, medo de ter pessoas metidas ali e me rejeitarem.
A coordenadora era até simpática e me levou até a turma que eu ficaria. Ela falou meu nome para os alunos e eu fiquei vermelha como sempre. Me sentei na frente de uma menina, loirinha e bonita, que sorria para mim.
Eu não sabia, mas aquele era o primeiro dia de aula daquele colégio, depois das férias. Não voltaram a estudar em fevereiro, porque houve uma greve de dois meses.
Então a professora só falou e fez brincadeiras para nos conhecermos melhor.
Confesso que foi melhor que eu esperava, o colégio era bom sem dúvidas.
Na hora do recreio não fiz questão nem de me mover da cadeira, estava com sono também por não ter dormido nada, tensa com o colégio novo. Eu era desse tipo.
Senti que alguém me olhava e levantei minha cabeça. A menina que sorria para mim, no começo da aula, se aproximou mais.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

1° Capítulo


23 de Março de 1991 ...

Dia mais feliz da vida dos meus pais!
Há alguns meses atrás, minha mãe não tinha esperança alguma de ter um filho. Ela e meu pai tentavam já há alguns anos a terem um filho, mas não conseguiam. Apesar de serem novos, já eram casados e estavam loucos em um filho.
Naquela época era bem difícil pessoas jovens se casarem por conta própria, sem a mulher estar grávida. - Assim minha mãe me contava. - Ela adorava me contar suas histórias e eu adorava ouvir.
Por conta disso, os pais da minha mãe eram completamente contra tudo que estavam fazendo. Não apoiavam nem seu namoro com o meu pai, o que resultou em só uma coisa, eles resolveram sair de casa e se casaram às escondidas.
Só voltaram a falar com meus avós maternos, quando já estavam à beira da morte. Minha mãe se sentia culpada e isso era visível. Ela me dizia, escondida do meu pai, que achava que eles tinham morrido mais de desgosto e decepção. Ficava com pena dela.
Ainda era bem jovem, me teve com seus dezoito anos e meu pai com vinte e cinco. Diferença grande, que também dificultou bastante a vida deles.
Meu pai era um homem bem sério, e às vezes até bem rude. Mas eu o compreendia, ele passou por poucas e boas na vida.
Sempre teve o sonho de ser um advogado de sucesso, mas depois que teve que fugir com minha mãe, teve que se virar para arrumar qualquer emprego e trabalhar, já que os pais dela não apoiavam.
Os pais dele, nunca disseram que eram contra, mas moravam longe dele naquela época. Ele tinha ido para São Paulo estudar e conheceu minha mãe, na mesma escola. Ele já era praticamente independente desde seus 15 anos e tinha orgulho de me falar aquilo sempre.
Depois que eu nasci, minha mãe dizia, que a casa estava em completa felicidade, mimavam sem parar a princesinha.
Ela teve um problema durante a gestação e teve que tirar seu útero, se não poderia até morrer,  não podia mais ser mãe e por isso desde de sempre, toda a atenção mesmo foi somente pra mim.

Maio de 1993 ...

Com dois aninhos de idade, nos mudamos de cidade.
Meu pai trabalhava como operário em uma fábrica a mais de dez anos. Ele estava subindo de cargo e seu chefe o disse, que teria que transferi-lo, para que isso acontecesse. Não disse quando iria subir seu cargo, mas disse que iria.
Ele estava feliz e doido para se tornar só supervisor, ele não precisaria trabalhar nas máquinas. Apesar de novo, já estava cansado.
E apesar de nunca ter conseguido nem chegar perto de uma faculdade de direito, era bem feliz na fábrica que trabalhava e quando nos mudados, até festa teve em sua homenagem, tinha bastante amigos por lá.
Fomos para Assis, interior do estado de São Paulo.
Apesar de está só com dois anos naquela época, me lembro de algumas coisas, minha mãe me contava muitas também, como de costume.
Meu pai estava um pouco pra baixo, por sua mudança, mas mamãe dava um jeito de animá-lo, com algum almoço gostoso e o lembrando, que logo seria o supervisor , que tanto queria ser. Aquilo o animava, mas não o suficiente.
Mas tudo mudou quando ele estava voltando de mais um dia de trabalho. E entrou em casa, acompanhado de outro homem, deixando minha mãe, que me dava comida, sem entender. – Ela sempre me contava os mínimos detalhes. –
- Lílian...Quero te apresentar, quem eu sempre falei por todos esses anos! – Ele estava feliz, dizia a minha mãe.
- Quem, Alex ? – Ela se levantou e limpou as mãos, antes de se aproximar dos dois.
- Esse é Amarildo, meu irmão! – Minha mãe quase não acreditou quando ouviu.
Depois daquele dia tudo foi só alegria, Tio Amarildo, morava na casa vizinha e sempre estávamos juntos.
Ele trabalhava em um banco e também tinha sido transferido. Tinha um filho, da minha idade e uma mulher, que também era mais nova que ele.
Minha mãe dizia, que a história deles era parecida com a dela e de meu pai, mas ao contrário dos meus avós maternos, os pais da Tia Marizete, esse era o nome de sua esposa, concordaram com o namoro e com o casamento dos dois.
Lembro, que eu já falava bastante coisas naquela época e corria para todo lado, comecei a andar com dez meses, o que assustou bastante meus pais.
Meu primo, tinha a mesma idade que eu e por ironia do destino – ou não – nós fazíamos aniversário no mesmo mês e ano.
Meus pais e meus tios, riam disso.
Dizia minha mãe, que finalmente meu pai estava mais feliz, com seu irmão por perto, - que eu tomei um susto em saber que eram gêmeos –
Minha tia, contava que seu marido também estava triste com a mudança e também por seu filho está tão pequeno, mas se animou assim que descobriu que seu irmão, que não via há anos, era seu vizinho.
Eles se separaram muito cedo, acho que ninguém dali teve uma infância e adolescência bem aproveitada. Mas estavam felizes por já estarem casados e com filho.
Apesar de tudo, o amor que sentiam não era de se duvidar, era puro e verdadeiro.
Me lembro também que eu brincava bastante com o meu primo. Freqüentávamos a mesma creche, quando não era minha mãe que nos levava e buscava, era a minha tia.
Eu vivia em sua casa, dormia e comia, e ele também não era diferente. Sempre na minha casa, meu pai e minha mãe o tinham como um filho, principalmente por não poderem mais ter um segundo filho e como o sonho de todo o pai, - o meu não era diferente – era ter um filho homem, ele mimava o meu primo bastante também.
Minha mãe me disse um dia, que a minha tia e meu tio, já planejavam ter outro filho e sempre que estavam conversando e ela tocava no assunto, se sentia um pouco mal.
Afinal, ela só tinha 20 anos e não podia mais ter filhos.
Até que um dia ela resolveu contar para eles o seu problema e nunca mais minha tia tocou no assunto de outro filho.
Elas eram como irmãs também, viviam juntas e a minha tia, eu não sei, mas minha mãe só tinha ela de amiga.
As duas sempre foram bonitas, minha mãe com vinte anos, ainda parecia ter dezoito.
Me mostrava suas fotos com orgulho, ela sempre foi linda, com seus olhos verdes que brilhavam mais que o sol e seus cabelos extremamente pretos, que nunca levaram um pingo de tintura. – eu nasci com os olhos da minha mãe, mas com o passar do tempo eles foram escurecendo e eu sempre me lamentava vendo as fotos. Meu pai tinha gostado, dizia ele que agora sim, eu era a cópia perfeita dele. -  Já o cabelo da minha tia, sempre mudava, - minha mãe sempre ria disso e contava, que minha tia reclamava. Não conseguia parar com um cabelo certo. –
Meu pai e meu tio eram bem parecidos e dava mesmo para ver que eram gêmeos. Meu pai com um pouco de cabelo branco, desde de seus vinte anos e meu tio ainda não estava, mas mesmo assim ainda se pareciam muito. Tinham a pele bem branca e já minha mãe e Tia Marizete, tinham descendentes negros, não eram negras, mas morenas.
Eles eram mesmo bem parecidos, a história era mesma bem parecida e elas pareciam irmãs também.
Sempre saímos muito juntos, desde pequenos mesmo, eu, minha mãe, minha tia e meu primo. Íamos ao cinema, ao parque e mais em um monte de lugares. – Mais uma coisa que me lembro, era que gostava muito de quando íamos para piscina de um clube simples, que ficava perto de nossas casas. Sempre amei ir para lá e desde pequena já adorava uma piscina e era a primeira a ficar pronta e apressar minha mãe, com minha fala embolada ainda. –

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Nova !

Amores, aqui estou eu de novo, antes mesmo de acabar a fanfic que comecei a escrever a pouco tempo,rs.
Então, eu já expliquei o porque estou fazendo essa história, tive um sonho e já quis colocar em prática.
Mais uma vez, vou lembrar, que vai ser postado um capítulo por semana, todos os sábados. Pra eu não me enrolar muito, rs.
Espero que gostem das minhas ideias, e que me acompanhe nessa história também, que com certeza, deve continuar depois que a "Perto de Mim" acabar, que é a história que estou escrevendo. link AQUI e também tenho um grupo no facebook, que vai funcionar com as duas fanfics. Lá é avisado quando posto capítulos e converso com as leitoras, também (= AQUI
Peço que tenham um pouco de paciência com a história, que vai andar com forme as coisas vão acontecendo e vocês vão entendo aos poucos também.
Espero que gostem mesmo, do fundo do meu coração e é isso.
Beijos e curtam comigo :D