sábado, 2 de agosto de 2014

Último Capítulo



( 7 anos depois )

Como podem imaginar muita coisa aconteceu em sete anos, mas por incrível que pareça, só coisa boa. Eu e Luan brigávamos, claro, mas sempre as pazes eram feitas.
Luan viajava naquele dia e eu fui buscar meus filhos no colégio, os três estudavam na parte da manhã. Nathalia com 16 anos, Luna com 10 e Breno com 8. Brigavam bem também, mas nada que um castigo não resolvia e logo já estavam grudados de novo. Não se separavam.
O sinal da escola ainda não tinha batido, porém, resolvi entrar e pegar meus filhos do mesmo jeito, faltavam poucos minutos e Luan chegaria em algumas horas.
Passei pelo pátio e ouvi vozes exaltadas, logo reconheci a de Nathalia e andei mais rápido até onde ela e uma outra menina discutiam.
- Sua bastarda! – A menina gritava com ela.
- Você tá louca?
- Minha mãe me disse que você foi adotada! Que te pegaram pequena! – Ela ria.
- Idiota! – Nathalia sabia sua história, mas não desmentia. – Só porque eu to com o garoto que você gosta? Ele nunca vai te querer! – E antes que a menina fosse pra cima dela, corri pra mais perto delas e quando olhei para trás o porteiro também já estava indo até nós.
- O que está acontecendo aqui? – Eu perguntei.
Nathalia chorou me abraçando e eu segui com ela pra secretaria, junto com o porteiro e a outra menina.
Sabia que chorava de raiva e com medo de eu e Luan brigarmos com ela por aquilo.
A diretora brigou com elas e advertiu as duas. Eu não disse nada, era justo.
- Tá vendo o que você fez sua bastarda? – A garota ainda perturbava, assim que saímos da direção.
- Olha, aqui! Eu não vou discuti com você que é uma criança, da idade da minha filha, mas saiba que você está completamente enganada. Nathalia é nossa filha de sangue e sua mãe não te contou a história dela direito! E nem precisa, mesmo se não fosse, vocês não tem nada com a nossa vida!  - Puxei Nathalia para longe daquela víbora.
- Esquece isso, filha! – Sequei suas lágrimas.
- Está tudo bem, mamãe! – Ela me abraçou e eu beijei sua cabeça. – Vamos pegar Luna e Breno? – Deu um meio sorriso e eu assenti.
Voltamos a andar, mas ela me parou. – Não diz nada pro pai? – Me olhou com receio.
- Não vou dizer, até porque ele vai querer vir aqui reclamar do que essa garota disse!- Sorri pra ela. – Pode ficar tranqüila! – Seguimos em frente até as salas dos outros pequenos.
Fomos para casa e no carro era aquela falação, todos querendo trocar o cd, discutiam e eu ria, sabia que aquele tipo de briguinha era até saudável entre irmãos.
Para nossa surpresa, assim que chegamos Luan já via televisão e se levantou correndo assim que nos viu.
Abraçou e beijou muito seus filhos primeiro e logo depois, eu.
- Pai! – Breno o chamou enquanto andávamos até a cozinha.
- Cala a boca, Breno! – Nathalia gritou e eu me assustei.
- (risos) Sabe o que é? A Nathalia tá namorando um menino idiota! – Ele disse rápido e deu língua pra irmã, antes de correr para trás de mim.
- Namorando? – Luan a olhou com uma sobrancelha erguida e ela suspirou.
- Breno linguarudo! – Ela continuava irritada com o irmão.
- Nathalia, quero que saiba que se for pra namorar me fala, eu não quero você pelos cantos. – Luan continuou.
- Não estou pelos cantos, papai.
- Eu acho bom! – Nos sentamos. – Saiba que eu vou aceitar, até porque você já tem 16 anos, mesmo eu achando muito nova pra isso. – Ele riu e eu o acompanhei.
- Sério que o senhor ia deixar? Quer dizer, caso eu esteja... – Ela se enrolou e eu ri novamente.
- Claro que sim, filha! Eu pareço tão carrasco assim? – Ele fez sua careta linda e ela gargalhou.
- Claro que não, papai! – Saiu de seu lugar e se sentou no colo de Luan, o enchendo de beijos, do jeito que gostava.
Mas não demorou para os outros começarem com o ciúmes e todos se juntarem em cima da gente, enquanto Nathalia provocava dizendo ser a mais velha e a mais amada de todos.
- (risos) Não sei quem é mais criança, filha. Você ou seus irmãos? – Ela riu pra mim e beijou meu rosto.
No outro dia, acordei cedo como sempre, mas estava de folga no hospital, então resolvi preparar um café da manhã bem caprichado para todos.
- Mãe! – Olhei para trás e Nathalia me olhava com cara de sono.
- Caiu da cama foi?
- Eu e os pirralhos, mas eles foram deitar com o papai e capotaram de novo! – Ri.
- Vamos tomar café nos duas então. – Ela assentiu e nos sentamos.
- Queria conversar uma coisa com a senhora...
- O que foi?
- Eu termino o colégio ano que vem e já sei a carreira que quero seguir.
- O que?
- Eu quero ser médica, mamãe. Uma das melhores, como a senhora! – Sorri com aquilo e a abracei de lado. – E mais! – Ela me olhou. – Quero estudar fora do país, pra já vir pro Brasil sabendo das novas coisas lá de fora. Quero ser muito boa!
- Se quer assim, meu amor...
- Você acha que meu pai vai concordar em eu ir estudar fora? – Ela fez careta.
- Não vai gostar da idéia, mas vai te apoiar! Sabe como é a menininha dele, não é? – Rimos.
Naquele mesmo dia, conversamos com Luan sobre o que minha filha havia me dito e como eu imaginei, ele não gostou da filhinha dele ir morar fora sozinha, tão nova, mas apoiou sua idéia.

( ... )

*
Depois de dois anos, estávamos levando Nathalia até o aeroporto, que ainda mantinha sua firme idéia de ser médica, o que nos dava orgulho.
Ela chorou, eu chorei, Isabella chorou e até os pequenos, mas infelizmente tinha chegado a hora dela partir.
Voltamos para casa e mesmo um pouco tristes com a falta dela, resolvi me diverti com as crianças. Eles também me diziam que mesmo brigando e implicando muito com eles, sentiriam falta da irmã mais velha, nos fazendo rir.

(...)

Mais dois anos se passaram e dessa vez, fomos buscar Nathalia no aeroporto, não pra ficar, mas sim para passar as férias e o Natal conosco.
A vida dela estava tão agitada em Nova York que nem eu acreditava. Tinha conhecido um rapaz, namoravam a um ano e meio e já pensavam até em casar.
Eu ficava espantado com tudo aquilo, claro, ela só tinha 20 anos, mas estava feliz e eu tinha que aceitar.
Levamos um susto quando vimos que ela descia do avião junto de seu namorado, com um sorriso gigante no rosto e mais ainda quando nos disse ali, no meio do aeroporto, que estava grávida e iriam se casar dali a alguns meses.
- Fala alguma coisa, pai! – Ela me olhava.
- Eu não esperava...Mas gostei! –Sorri e um sorriso largo apareceu em seus lábios também. – Sempre sonhei em ser avô, tenho certeza que serão felizes! – Ela me abraçou forte e logo todo mundo entrou naquele abraço.
Fomos direto para a chácara, onde toda família se reunia como sempre e o noivo de Nathalia, Cássio, já se enturmava com nossa família e fazia todos rirem com seu português enrolado.
- Ah gente! Considerem! Ele tá a meses fazendo aulas de português só pra falar com vocês! – Minha filha fez bico e eu beijei seu rosto.
- Tá indo bem! – Ri pra ele, que retribuiu.
Estava gostando dele, parecia um rapaz bom e de família, minha filha seria feliz ao seu lado.
Passamos dias ótimos e felizes na minha chácara, lotada das pessoas que amo.
No último dia nosso ali, eu acordei já bem tarde, vi que alguns estavam na piscina, como minha irmã, outras na cozinha, como meus pais, mas fui atrás dos meus filhos e da minha mulher.
- E vocês nunca sentiram medo? – Nathalia, seu noivo e seus irmãos, estavam sentados na grama e Isabella em uma cadeira. Sorrindo como sempre.
Sempre linda também, simpática e parecia que o tempo só fazia melhorar seu humor.
Parei pra ouvir o que falavam e não interrompi.
- Claro que sim! Éramos jovens, meu pai era rígido, tio Amarildo e Tia Marizete, muito família e minha mãe fazia tudo que meu pai mandava.
- As vezes eu nem acredito na história de vocês!
- (risos) As vezes nem eu!
- Mas você perdoou o vovô e a vovó mesmo, mãe? – Agora foi a vez de Luna perguntar.
Linda e grande com seus 14 anos, sempre queria estar por dentro de tudo que sua tia e sua mãe falavam e muito vaidosa.
- Perdoei, meu amor! A vida é assim, eu sempre os amei e sempre vou amar! Claro que perdoei! – Ela sorria.
Breno me viu e logo me gritou, não teve mais jeito, tive que me juntar a eles.

( ... )

Enfim o filho de Nathalia já tinha nascido e nós fomos ansiosos para sua casa, ficar alguns meses com ela, matar toda saudade dela e de um bebezinho.
No outro dia, Bruna apareceu com seu marido, Ricardo, seu filho Thiago e nossos pais.
Ficaram menos que a gente, um mês, mas já foi o suficiente. A casa lotada e alegre, como Nathalia sempre dizia.
Acordei depois de todo mundo, como sempre, dois meses depois que já estávamos lá, meus pais já tinham ido, mas Bruna ainda continuava lá com meu sobrinho, Ricardo também já tinha ido, trabalhava na área de engenharia.
Fui andando pelo corredor e pelo silêncio da casa Nathalia curtia Stella, nossa netinha e seu noivo já estaria na faculdade.
Andei mais um pouco e Vi Isabella parada, parecia escondida, escutando alguma coisa.
- O que você tá fazendo? – Ela deu um pulo, me fazendo ri.
- Shiu! Quero escutar! – Me calei e fui ver o que ela tanto queria escutar.
Luna e Thiago, estavam sentados no chão, um filme passava na TV, mas eles conversavam.
- Eu te amo! – Ele me surpreendeu com aquela frase e a abraçou.
Luna, retribuiu o abraço dele e assim que se soltaram, sorriam felizes.
- Eu que te amo!
- Vamos ficar juntos igual o tio Luan e a tia Isabella? – Eles riram.
- Eu acho que sim! Minha mãe sempre diz que quando o amor é verdadeiro, começa desde cedo!
- É verdadeiro! – Ele disse firme e a puxou pra outro abraço.
- Isso te lembra algo? – Isabella me olhou sorrindo e eu abri um pequeno sorriso também.
- Pois é...Me lembra!
- Você vai ficar bravo com eles?
- E eles sofrerem tudo que nós sofremos? Claro que não!
- Será que sempre vai ser assim? Tá no nosso sangue os primos se apaixonarem? – Ela fez careta.
- Acho que não! – Fui sincero. – Acho que acaba neles.
- Tomara! Não quero nossa família sofrendo preconceito!
- Você não muda, não é, amor? Ainda liga pra isso? – E lhe abracei.
- (risos) Ligo! – Ela colocou seu braços em volta do meu pescoço e me olhou nos olhos.
- Eu te amo! – Sussurrei.
- Eu te amo! – Ela retribuiu e eu sorri.
Fui lhe beijar mas ela desviou, me deixando sem entender.
- O que?
- Olha ali! – Ela apontou pra onde Luna e Thiago estavam e ele se beijavam.
Não um beijo, como eu e Isa já dávamos naquela idade, mas só um selinho. Eram tão comportados, estudiosos, gostavam de tudo certinho.
Sorri pra ela e acariciei seu rosto, antes de lhe beijar.
Lhe beijar por nós e por aquele casal que mesmo muito jovens, não julgávamos, pois já tínhamos sentido na pele tudo aquilo.
O preconceito é sempre grande, tem gente que não aceita e até tem um pouco de razão. Acredito que as famílias são para se juntarem com outras famílias, mas ninguém manda no coração, todo mundo tá sujeito a tudo e quando o amor bate na nossa porta, não tem como mandar ele ir embora, não tem como expulsar ele a vassouradas.
O amor é uma coisa pura, não é nenhuma coisa do mal, nãos faz mal a ninguém quando é saudável e verdadeiro, é só...Amor!


                   The end
Manoela Ribeiro.


10 comentários:

  1. Choreeeei litros com esse final
    top dmais manu
    uma das melho res que você escreveu só perde pra 1ª u.u
    olha aqui essa fic foi muito perfeita cara que isso
    me fez, sorrir, chorar, sonhar e imaginar cada cena
    você realmente nasceu pra escrever menina, vc tem um dom use-o a seu favor u.u
    bjss quero outra fic logoooooo
    o/~~ vamo que vamo
    @lightlrds

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    1. Que isso! Eu que te agradeço por sempre estar aqui! Obrigada mesmoo

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  2. Ai senhor!que final foi esse? Eu acho q tem olhos na minhas lagrimas

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  3. Seeeeeenhor que coisa mais linda! Chorei muuuito! E quando achamos qe nada pode ser mais perfeito do que já é vem a Manu e nos surpreende. Parabéns linda.

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  4. Caaaracaaa ameiii, top★★★★★.
    A nova hehe ansiosa.

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  5. Que final mais perfeito adorei essa fanfic do começo ao fim....

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  6. PERFEITA ♥
    Simplesmente a melhor que já li.
    Parabéns!

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